Tratamento evita que gestante transmita HIV ao filho

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Publicado quinta-feira, 5 de maio de 2005 as 11:26, por: CdB

Uma pesquisa realizada pelo National Institutes of Health, em 14 hospitais, de cinco países, incluindo o Brasil, avalia as chances de uma mulher grávida, que seja portadora do vírus HIV, não transmitir a doença para o filho. Isso se dá através da realização de testes durante a gravidez.
 

O estudo vêm sendo realizado há um ano, no intuito de fazer o teste de aids nas maternidades para que seja detectado precocemente, caso haja caso de contaminação da gestante. Na Baixada, no Rio de Janeiro, são nove as maternidades que passaram a testar mulheres na hora do parto, assim como o Hospital Geral de Bonsucesso. Em Nova Iguaçu são 64 mulheres e 66 bebês, dos 211 que realizaram o teste.
 
Cerca de 60% das mães não fizeram pré-natal. Apenas cinco souberam que eram soropositivas no último trimestre da gravidez, mas não foram submetidas a nenhum tipo de tratamento.

X., de 22 anos, é mãe de gêmeas de pouco mais de um mês de vida. Ela não fez o pré-natal e somente na hora do parto soube que era soropositiva. Entrou em desespero.
 
– Engravidei porque a camisinha estourou, mas estava alegre por ter duas meninas. Quando fui avisada de que tinha HIV, não sabia o que fazer – lembra. Hoje está aliviada, pois Camile e Caroline não têm o HIV.

– Algumas tinham resultado negativo para HIV em teste feito no início da gravidez. Elas se tornaram soropositivas durante a gestação ou continuaram a ter contato com o parceiro e foram contaminadas. Isso reforça a necessidade do teste também no último trimestre da gravidez – defende Ribeiro.
 
– O Hospital de Nova Iguaçu foi o que mais incluiu crianças no mundo. Não é que as mulheres sejam soropositivas em maior número, mas estamos recrutando melhor – acredita o coordenador do trabalho no hospital, José Eurico Ribeiro.

As meninas estão entre as 35 crianças que já completaram um estudo para a prevenção da transmissão do HIV de mãe para filho no Hospital Geral de Nova Iguaçu, no bairro de Posse, Baixada Fluminense. Somente um bebê foi confirmado como soropositivo. Este é o primeiro estudo em que a mãe não sabe que tem HIV e não fez tratamento durante a gravidez.

No tratamento convencional, os bebês de mães com HIV recebem xarope de AZT a cada oito horas. A pesquisa testa três esquemas: dose maior do xarope de AZT a cada 12 horas, AZT com nevirapina e AZT com lamivudina e nelfinavir.
 
– Queremos saber qual método aumenta a eficácia de proteção do recém-nascido – explica o chefe do serviço de DST/Aids do Hospital de Nova Iguaçu, José Henrique Pilotto.

O estudo ainda tem um longo caminho. O protocolo da pesquisa prevê que 1.786 crianças em todo o mundo recebam os medicamentos por seis semanas e sejam acompanhadas durante seis meses.
 
– Essa pesquisa pode ser a última esperança para muitas mães. As crianças não têm de pagar pelo que não têm culpa – acredita B., que tem HIV desde 1998. Ela tem dois filhos, de três e cinco anos, que não foram contaminados.