Tratamento contra Sars pode gerar doença óssea

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Publicado quinta-feira, 9 de outubro de 2003 as 13:21, por: CdB

Oficiais de saúde de Hong Kong disseram nesta quinta-feira que alguns pacientes que se recuperaram da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês) estão sofrendo de uma doença óssea, possivelmente ligada ao tratamento com esteróides utilizado para combater o vírus.

Uma porta-voz do Hospital Authority disse que alguns pacientes que se recuperaram da Sars estão sofrendo de necrose avascular. A doença resulta de perda temporária ou permanente de irrigação sangüínea para os ossos, provocando a morte do tecido ósseo e seu possível colapso. A doença atinge normalmente as extremidades de ossos longos, como o fêmur, que se estende do joelho até o quadril.

As deficiências resultantes da necrose avascular dependem da parte do osso que é afetada, do tamanho da área afetada e de como, especificamente, o osso se regenera. “Ainda estamos estudando se ela está ou não ligada ao tratamento dado a pacientes com Sars ou se é causada pela própria síndrome”, continuou a porta-voz. No entanto, reconheceu que o enfraquecimento dos ossos é um efeito colateral conhecido do tratamento com esteróides.

Não há estimativas disponíveis sobre o número de pacientes que se recuperaram da Sars que podem estar sofrendo da doença óssea, mas as autoridades sanitárias tentarão rastrear e examinar todos os pacientes. No início do ano, a epidemia infectou mais de oito mil pessoas em todo o mundo, matando 774. Hong Kong foi a segunda região mais afetada com 297 mortes relacionadas à Sars e cerca de 1,8 mil infecções.

O governo de Hong Kong foi criticado por alguns médicos pela insistência no uso da controversa droga antiviral Ribavirin e de esteróides no tratamento de doentes com Sars.

Estudos realizados por especialistas sanitários norte-americanos mostraram que o Ribavirin é ineficaz no combate à doença. Enquanto isso, uma rádio local informou que o governo está considerando lançar uma investigação independente sobre a epidemia, sob a condição de que os legisladores deixem de lado os planos de selecionar eles mesmos o comitê que investigará a crise.