Traição aos antigos comparsas teria levado à morte de Tuchinha

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Publicado sexta-feira, 5 de setembro de 2014 as 13:20, por: CdB
Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha
Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha

Investigadores da Polícia Civil do Rio de Janeiro ainda tentam desvendar o mistério que cerca a morte de Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, em busca de evidências que possam esclarecer os motivos do assassinato. Uma das pistas levam os detetives para outras hipóteses; além do motivo que seria a cobrança de antigas dívidas do ex-traficante ou disputas por territórios no Complexo da Mangueira.

Agentes da Divisão de Homicídios (DH) investigam, ainda, a suspeita de uma possível traição a antigos aliados por parte da vítima, que poderia ter se unido a uma facção inimiga do Comando Vermelho (CV) na tentativa de retomar o controle da venda de drogas na Mangueira. Alguns fatos, vazados por investigadores a jornalistas que cobrem Polícia indicam a existência de um possível plano, do qual Tuchinha faria parte desde que saiu da cadeia, para atacar seus ex-aliados.

Enquanto trabalhava na ONG AfroReggae, Tuchinha poderia ter se aproveitado para retornar ao antigo posto, após saber que os traficantes locais estavam enfraquecidos por disputas com grupos rivais e no enfrentamento à PM, em decorrência da ocupação policial na favela. O antigo ‘dono do morro’, como são conhecidos os chefes do tráfico, estaria tentando retomar o controle da venda de drogas com o apoio de um bando rival. A polícia aponta indícios de que ele mantinha um estreito contato com traficantes locais.

Há, porém, controvérsias quanto à facção em vista. Em uma das linhas de investigação, o traficante Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vintém, um dos fundadores da facção Amigos dos Amigos (ADA), embora preso, ainda manda na Vila Vintém, em Padre Miguel. A coroa de flores no enterro com os dizeres ‘Amigas de Padre Miguel’ e a presença de um ex-traficante do ADA, que também trabalha no AfroReggae, reforçariam a tese.

A polícia, no entanto, também recebeu informações de que o conluio poderia ter ocorrido com bandidos do Terceiro Comando Puro (TCP), hipótese essa que, segundo policiais comentaram com jornalistas, tem gerado um grande boato na comunidade. Usando as redes sociais, moradores das favelas na região especulam sobre a mudança no controle de venda de drogas na Mangueira.

Retaliação

O ex-traficante Tuchinha, ao ser emboscado, foi atingido por cinco tiros de pistolas 40 e 45 na tarde desta terça-feira enquanto esperava para lavar o carro na Rua da Prata, no Morro do Telégrafo. Logo em seguida, Guilherme Augusto Souza Nascimento, também suspeito de integrar uma quadrilha de traficantes, foi executado com pelos 20 tiros de 9mm a aproximadamente 150 metros do local.

Policiais acreditam que a morte da segunda vítima pode ter sido uma retaliação ao assassinato do ex-chefe da Mangueira. A hipótese é de que Guilherme poderia ter indicado a localização exata de Tuchinha aos assassinos, o que teria possibilitado a ação criminosa.