Em jantar, Temer pede aos irmãos Marinho, donos da Globo, para amenizar noticiário

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Publicado quinta-feira, 21 de dezembro de 2017 as 15:24, por: CdB

Na entrada, Temer reclamou da cobertura do caso JBS pelos veículos do grupo Globo. O objetivo, disse claramente, era o de derrubá-lo.

Por Redação – do Rio de Janeiro

 

Era para ser secreto, mas vazou para a mídia, nesta quinta-feira, que o presidente de facto, Michel Temer, reunira-se com João Roberto Marinho, um dos três irmãos – donos das Organizações Globo – em um jantar reservado na capital paulista, em início de outubro.

João Roberto Marinho, um dos donos da Globo, e Temer, teriam 'acertado os ponteiros'
João Roberto Marinho, um dos donos da Globo, e Temer, teriam ‘acertado os ponteiros’

No cardápio, uma cobertura mais suave por parte das emissoras que integram o maior cartel de comunicação da América Latina. Na sobremesa, um possível apoio do grupo de ultradireita à reformada Previdência.

Jantar

O próprio Temer, desmascarado pela reportagem de um dos diários conservadores paulistanos, confessou sua tentativa de influir no Departamentno de Jornalismo das Organizações. Seu relato bate com o de três outros aliados ouvidos reportagem. A reunião ocorreu a pedido de João Roberto Marinho, vice-presidente do Conselho de Administração do grupo.

Na entrada, Temer reclamou da cobertura do caso JBS pelos veículos do grupo Globo. O objetivo, disse claramente, era o de derrubá-lo. O jantar ocorreu em 4 de outubro. João Roberto promoveu o encontro na casa de seu irmão Roberto Irineu Marinho para receber Temer e o vice-presidente de Relações Institucionais da Globo, Paulo Tonet. Um dos principais aliados do presidente, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) teria articulado o encontro, segundo o jornal.

Segundo o peemedebista, o comportamento da Globo desde 17 de maio, quando o diário conservador carioca O Globo divulgou o áudio da reunião entre ele e o empresário Joesley Batista, deixou clara a principal evidência. No caso, a compra de silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). A gravação foi a base de duas denúncias contra Temer. Ambas barradas na Câmara.

Propina

Em uma mensagem direta sobre o risco que as Organizações Globo correm no campo da Justiça, Temer fez questão de dizer a Marinho que o conteúdo de delações nem sempre é conclusivo. Ele citou informações acerca do acordo de colaboração do empresário J. Hawilla, da agência Traffic, com a Justiça norte-americana. A delação permitiu que fosse desvendado um esquema de corrupção na Fifa.

Em novembro, o empresário Alejandro Buzarco, ex-homem forte da companhia de marketing argentina Torneos y Competencias, afirmou às autoridades norte-americanas que a TV Globo e outros grupos pagaram propina para transmissão de campeonatos. Em nota, o Grupo Globo negou “veementemente” a participação em tais crimes; e que “não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina”.

Procurada por jornalistas, a Globo declarou sobre o encontro com Temer, por meio de sua assessoria, que a conversa foi “absolutamente republicana; sem pedidos ou promessas de qualquer das partes”. A assessoria de Temer não comentou o ocorrido.