Taxa de juros tende a fechar o ano em dois dígitos, admite o BC

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Publicado quarta-feira, 3 de novembro de 2021 as 17:24, por: CdB

Após o próprio governo ter bancado a negociação com o Congresso para alterar a fórmula de apuração do teto de gastos (a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação), o mercado passou imediatamente a esperar uma ação mais forte do Copom, que até então vinha seguindo o plano de voo de elevações de 1 ponto porcentual.

Por Redação – de Brasília

Apesar do ritmo acelerado de alta da Selic, na semana passada, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central revelou, nesta quarta-feira, que chegou a cogitar a elevação da taxa básica de juros em mais de 1,50 ponto porcentual na semana passada. A ata do encontro reforça a promessa da diretoria da instituição de fazer o que for preciso para levar a inflação para o centro da meta em 2022, ainda que a maior parte do mercado tenha desancorado de vez as expectativas para o próximo ano, em que o centro da meta é de 3,50%.

A autoridade monetária brasileira desenha o perfil da inflação brasileiro, agora, em um único cenário
A autoridade monetária brasileira desenha o perfil da inflação brasileiro, agora, em um único cenário

Após o próprio governo ter bancado a negociação com o Congresso para alterar a fórmula de apuração do teto de gastos (a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação), o mercado passou imediatamente a esperar uma ação mais forte do Copom, que até então vinha seguindo o plano de voo de elevações de 1 ponto porcentual na taxa de juros. Na véspera da reunião, os analistas seguiam divididos e o consenso do mercado migrou de 1,25 para 1,5 ponto apenas na terça-feira, 26. Alguns economistas chegaram a apostar em movimentos mais fortes, de 1,75, 2 e até 3 pontos porcentuais de uma só vez.

No documento desta quarta-feira, porém, o Copom revelou que o novo plano de voo da instituição é seguir com aumentos de 1,5 ponto nas próximas reuniões. No comunicado da semana passada, o colegiado já tinha adiantado a intenção de um novo ajuste de magnitude da reunião de dezembro – de 7,75% para 9,25% ao ano -, mas a ata estendeu esse entendimento para as primeiras reuniões do próximo ano.

Desancoragem

Com isso, o Copom praticamente confirmou que a Selic deve sim chegar a dois dígitos, um patamar “significativamente mais contracionista” do que o usado no cenário básico que considera as projeções do relatório Focus – em que o juro iria a 9,75% no fim do ciclo.

O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

Na ata, o BC foi mais enfático do que no comunicado ao responsabilizar o fiscal pela guinada mais veloz no aperto monetário. O Copom inclusive reiterou que o desempenho das contas públicas tem sido melhor que o esperado justamente pelo cumprimento à risca do teto de gastos em 2021. Por isso, a ata enfatiza que a probabilidade quase consumada de mudanças no arcabouço fiscal é a principal causa da desancoragem das expectativas do mercado que forçou o colegiado a mirar juros cada vez maiores.

Mas ainda fica a dúvida por parte do mercado financeiro de qual vai ser a reação do BC a depender do desenho final do arcabouço fiscal em caso de aprovação da PEC dos precatórios, que pode ser votada na Câmara nesta quarta. Se somente a discussão já forçou uma aceleração do ritmo a 1,50 ponto porcentual, não está descartada velocidade ainda maior em caso de mudança no teto de gastos conforme descrita na PEC ou de ruptura mais significativa na âncora fiscal.

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