Surto do vírus ebola pode infectar mais 20 mil pessoas, alerta OMS

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Publicado sexta-feira, 29 de agosto de 2014 as 09:48, por: CdB
Agentes têm dificuldade de lidar com o crescente número de casos e com hostilidade de moradores
Agentes têm dificuldade de lidar com o crescente número de casos e com hostilidade de moradores

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o surto de ebola que vem causando mortes no oeste da África pode infectar mais 20 mil pessoas antes de ser controlado. A agência afirmou ainda que o número de pessoas já infectadas pela doença (muitas ainda sem diagnóstico) pode ser quatro vezes maior do que os 3 mil casos registrados oficialmente. Até agora, 1.552 pessoas morreram na Libéria, Serra Leoa, Guiné e Nigéria.

A OMS também fez um apelo para que as companhias aéreas retomem voos essenciais na região, alegando que essas proibições não só não ajudam a controlar a doença como acabam minando os esforços para combater a epidemia.

Reunidos em Gana para discutir medidas para prevenir que o vírus se espalhe ainda mais, ministros da Saúde da região também pediram que os voos fossem retomados e as fronteiras, reabertas – especialmente para facilitar o acesso de profissionais da saúde às áreas infectadas.

Apesar dos temores, o vírus do ebola não é transmitido pelo ar, e sim pelo contato com fluidos corporais, como suor e sangue, de pessoas infectadas.

Escala inesperada

Ao anunciar um plano de ação da OMS pra lidar com a epidemia, o diretor-geral assistente da organização, Bruce Aylward, disse que “em algumas áreas, o número de infectados pode ser de duas a quatro vezes mais alto do que o registrado”.

Segundo ele, a possibilidade de se ter 20 mil infectados é uma algo que não havia sido antecipado em termos de ebola.

– Isso não quer dizer que esperamos 20 mil pessoas (infectadas), mas temos que ter um sistema em curso para lidar com números altos como esse.

A OMS está pedindo US$ 489 milhões (o equivalente a pouco mais de R$ 1 milhão) para serem gastos nos próximos noves meses. A organização solicitou ainda que sejam contratados 750 trabalhadores internacionais e 12 mil locais para atuar no oeste da África.

Na quinta-feira, a Nigéria confirmou a primeira morte de ebola: um médico infectado na cidade de Port Harcourt, no sul do país.

O correspondente da agência britânica de notícias BBC no oeste da África Thomas Fessy disse que as agentes de saúde estão tendo dificuldades para lidar com o número crescente de casos, assim como com a também crescente hostilidade por parte de moradores de algumas áreas afetadas.

Segundo ele, alguns esforços para conter o vírus dificilmente terão algum sucesso, já que a maioria dos centros de saúde já está operando na capacidade máxima.

Em outro desdobramento, o laboratório farmacêutico GlaxoSmithKline (GSK) disse que testes de uma vacina experimental contra o ebola devem começar no mês que vem.