Super Size Me trava batalha contra o McDonald’s

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Publicado sábado, 21 de agosto de 2004 as 16:59, por: CdB

Super Size Me – A Dieta do Palhaço chega nesta sexta-feira aos cinemas na esteira dos trabalhos de Michael Moore, integrando a nova geração de documentários em que o próprio cineasta vira sujeito de seu filme.

No caso em pauta, o diretor Morgan Spurlock teve a brilhante idéia de fazer três refeições diárias no McDonald’s durante um mês para ver o que iria acontecer.

A consequência não é exatamente bonita, mas, graças à personalidade exuberante de Spurlock e à inteligência com que o filme foi rodado, os resultados são tão divertidos quanto indutores à reflexão sóbria.

Spurlock se lançou em sua jornada, que o levou a 20 cidades, depois de ver na televisão uma matéria sobre duas adolescentes que estavam processando o McDonald’s, a quem responsabilizavam pelo fato de serem obesas.

A questão da responsabilidade pessoal versus a responsabilidade da empresa é uma das questões fundamentais tratadas no filme, sendo as críticas maiores reservadas aos logros perpetrados pela empresa.

Se o documentário tem uma falha, é o fato de não reconhecer que nem toda a obesidade é consequência do consumo de “junk food”.

Mesmo assim, é fato que o fast-food é responsável por uma grande parte da obesidade nos Estados Unidos, que, como observa Spurlock, é o país do mundo com a maior proporção de obesos, tendo 100 milhões de habitantes com excesso de peso, 60% dos quais não fazem nenhum tipo de exercício físico.

Spurlock consegue incluir no filme muitos dados e estatísticas alarmantes, com a ajuda de animação e música bem utilizadas.

Por exemplo, um mapa colorido de Manhattan do qual brotam bandeiras indicando a localização de cada um dos 83 McDonald’s na ilha de apenas 14 milhas quadradas. Mais tarde, enquanto a tela dividida mostra comerciais com Ronald McDonald sorridente, Curtis Mayfield canta o clássico “Pusher Man”.

Spurlock começa o filme em ótimo estado de saúde, medindo 1,87 metro e pesando 84 kg. Três médicos e um nutricionista, que reaparecem ao longo do filme inteiro, o examinam e atestam seu bom estado de saúde.

Em poucos dias, porém, já o vemos vomitando pela janela do carro, e, dali em diante, sua trajetória é uma descida constante.

Seu corpo passa por um processo de deterioração generalizada cuja rapidez surpreende até mesmo os médicos. Sua namorada, uma chef vegetariana, fica furiosa e perplexa.

O ganho de peso é apenas o sinal externo dessa decadência física: o fígado do diretor fica intoxicado, sua taxa de colesterol sobe às nuvens, sua libido cai, ele sofre de dores de cabeça e depressão.

Entre sua rotina diária de empanturrar-se com porções muitas vezes gigantes de Big Macs, fritas e refrigerantes, Spurlock vai entrevistando pessoas comuns, o diretor nacional de saúde dos EUA e um lobista da indústria do fast-food.

Os representantes do McDonald’s não retornam dezenas de telefonemas dele pedindo uma entrevista, fato que não chega a surpreender.

Uma das paradas mais preocupantes que ele faz em sua viagem é numa escola no Illinois onde os alunos se alimentam de pizza, refrigerantes e doces à vontade.

O verdadeiro valor de Super Size Me pode ser o de funcionar como história cautelar para crianças e adolescentes. O filme é suficientemente divertido e animado para prender a atenção deles, ao mesmo tempo em que lhes transmite uma mensagem importante.