Stones são mais ricos mas Beatles são mais queridos

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Publicado terça-feira, 9 de março de 2004 as 09:29, por: CdB

A coluna já comentou o poderio dos Rolling Stones, banda inglesa que surgiu no início da década de 60 e revolucionou a música com os Beatles, tendo a importância de um Elvis ou de um Little Richard na história do rock. A banda se manteve e hoje é a que mais lucra no mercado fonográfico europeu. Tudo bem, os Stones talvez sejam o que melhor sobrou daqueles revolucionários anos 60. Ainda lançam discos e preservam uma certa personalidade, fazem turnês em grandes proporções, cultivam o charme que os consagrou (apesar da língua, símbolo da banda, estar ficando parecida com um arco-íris, o que pode indicar uma triste constatação de envelhecimento e perda da libido). Mas apesar de tudo, os eternos concorrentes dos Stones (ou vice versa), os Beatles, continuam sendo uma unanimidade no plano afetivo, ainda mais no Brasil. O que nos leva a registrar uma inegável devoção por perdas no mundo do rock. Vejam quantos imitam Elvis, Jimi Hendrix, John Lennon, Jim Morrison, ou até Led Zeppelin (que perdeu seu carismático baterista em fins dos anos 70). Comparem com as bandas que permaneceram intactas, mas de certa forma decadentes ou aposentadas: Jethro Tull (que toca no Rio ainda esse mês), Black Sabath, Renaissance, Rush, Aerosmith, entre outros. Só é lembrado em tributos e homenagens quem faleceu. No caso Beatles: até o prefeito César Maia queria chamar o Circo Voador de Espaço Cultural Circo Voador John Lennon. Que é que Lennon tem há ver com o Circo Voador?  
 
Mas enfim, no Brasil Beatles é religião. Há alguns anos, o cover oficial de Lennon, Gary Gibson, veio tocar no Arpoador, num projeto que idealizava fazer shows em homenagens aos Beatles todos os anos. Não foi para frente. Em São Paulo, a Companhia Filarmônica vai fazer um show de reestréia do Teatro Gazeta com um repertório só de músicas do quarteto inglês. Concluindo: não há mesmo satisfação sem mãos dadas.