No documento entregue ao presidente Lula, nesta terça-feira, o grupo classifica Gonet como “ultraconservador” e pediu uma reunião com o presidente antes de o nome do próximo chefe do Ministério Público Federal (MPF) ser definido.
Por Redação, com BdF – de Brasília
A Coalizão em Defesa da Democracia, que reúne 49 instituições e movimentos populares — entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Grupo Prerrogativas, a Associação Juízes e Juízas para a Democracia, Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e a Articulação dos Povos Indígenas (Apib) — encaminhou ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma clara manifestação contra a possibilidade de o subprocurador Paulo Gonet assumir o posto de Procurador-Geral da República (PGR).
No documento, o grupo classifica Gonet como “ultraconservador” e pediu uma reunião com o presidente antes de o nome do próximo chefe do Ministério Público Federal (MPF) ser definido.
“Uma pessoa identificada com o projeto ultraconservador na Procuradoria-Geral da República significa abdicar de um dos instrumentos mais potentes para concretizar o projeto político consagrado nas eleições de 2022, com a inclusão dos ‘pobres no orçamento’ e a superação das injustiças que se abatem sobre as pessoas representativas dos grupos vulnerabilizados (indígenas, pessoas pretas, pessoas com incapacidade) que subiram a rampa junto com o Sr”, afirma o documento de nove páginas.
Subterfúgios
O texto relembra desde a Operação Lava Jato até os recentes atos golpistas do dia 8 de janeiro para alertar ao presidente Lula sobre a importância do PGR.
“A escolha do PGR por Vossa Excelência é, sem dúvida, um evento repleto de significados que tem o potencial de fortalecer nossas entidades e seus membros na atividade de construção de um modelo de justiça que convirja com a pauta de valores defendida por Vossa Excelência e as forças que sempre estiveram, sem subterfúgios, ao lado da democracia”, segue o documento.
Ao longo dos últimos dias, o nome de Paulo Gonet tem ganhado destaque no noticiário da mídia conservadora, entre os cotados para assumir a PGR. O presidente, contudo, ainda não bateu o martelo e vem mantendo conversas com aliados e possíveis interessados no posto. Neste cenário, o petista deve se reunir nos próximos dias com o procurador da República Aldo de Campos Costa, tido como “azarão” para o posto mas que vem procurando interlocutores do Planalto.
De perfil conservador, Gonet tem uma longa história na PGR e conta com os apoios dos ministros do Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Seu nome, porém, tem gerado mal-estar entre petistas dentro do Palácio do Planalto. No governo Bolsonaro, a deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF) chegou a defender o nome de Gonet para a PGR e disse que ele era um “conservador raiz”.