Autoridades chinesas informaram nesta sexta-feira que subiu para 97 o número de mortos confirmados no naufrágio, ocorrido na última segunda, no Rio Yangtze.
Apenas 14 das 456 pessoas que seguiam a bordo do navio de cruzeiro Estrela Oriental foram resgatadas com vida após o acidente, o pior registrado na China em quase 70 anos.
A China descarta a possibilidade de serem encontrados mais sobreviventes. Na noite de quinta-feira, começaram as operações para desvirar a embarcação.
O barco, com quatro andares e 76 metros de comprimento, navegava há três dias entre Nanjing e Chongqing, um popular cruzeiro turístico ao longo do Rio Yangtze. A maioria dos passageiros tinha mais de 60 anos.
Atingido por ventos de mais de 110 quilômetros por hora, a embarcação virou no intervalo de apenas um ou dois minutos.
Na quarta-feira, vários familiares, com os olhos cheios de lágrimas, ajoelharam-se no centro da praça da cidade, a cerca de um 1,5 hora de carro do local do desastre de segunda-feira, que deixou 75 mortos e mais de 370 desaparecidos.
– Nós só queremos uma rápida solução para esta tragédia – disse uma mulher de 57 anos, de sobrenome Li, enquanto soluçava.
– Nós estamos tão arrasados – completou.
O governo chinês prometeu que não haveria “nenhum encobrimento” na investigação, e o presidente Xi Jinping convocou nesta quinta-feira uma reunião extraordinária do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista – instância máxima de poder no país – para discutir o desastre.
O capitão e o engenheiro-chefe da embarcação, que conseguiram se salvar, foram detidos pela polícia.
– Foi tão rápido que o capitão nem teve tempo de dar sinal de alerta – disse Wang Yangsheng, funcionário do Centro de Socorro Marítimo de Yuegang, citado pela agência Xinhua.
Mais de uma centena de barcos e quase 5 mil pessoas, entre as quais 1.840 soldados e 1.600 agentes da polícia, foram mobilizadas para as operações de busca e salvamento, informou a imprensa oficial.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, foi ao local do naufrágio, onde o rio chega a 15 metros de profundidade, em Jianli, na província de Hubei.
Com quase 20 anos de serviço e capacidade para transportar 534 pessoas, o Dongfangzhixing fazia cruzeiros regulares no Yangtze, um percurso turístico popular na China que atrai anualmente cerca de 1 milhão de pessoas.
O Yangtze, ou Chang Jiang (Grande Rio), como chamam os chineses, é o terceiro maior do mundo, menor apenas que o Nilo e o Amazonas, com 6.300 quilômetros de extensão.