Sindicatos de 9 países unem forças para resistir a demissões

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Publicado segunda-feira, 27 de junho de 2005 as 20:34, por: CdB

O setor automobilístico passa por mudanças em todo o mundo, a produção na Europa e Estados Unidos vem recuando. A maior empresa automobilística do planeta, a General Motors (GM), anunciou recentemente um programa de demissão nos Estados Unidos que deverá atingir 25 mil trabalhadores nos próximos anos.

Para discutir a conseqüência dessas transformações do setor, sindicalistas de nove países participam da Conferência Latino-Americana para a Indústria Automotiva. A atividade é organizada pela Federação Internacional dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica (Fitim), na capital paulista. Os sindicatos presentes vêm da Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Uruguai, Peru, Venezuela, Equador e México.

De acordo com Jorge Almeida, do escritório regional da Fitim para América Latina e Caribe, os sindicatos encontram-se política e economicamente pressionados. Ele defendeu no encontro a criação de uma estrutura mundial com objetivo de garantir que as reivindicações dos metalúrgicos sejam ouvidas pelas matrizes das montadoras. Segundo Almeida criar uma estrutura semelhante à de uma montadora, já que a decisão sobre investimentos ou demissão de funcionários, por exemplo, podem partir da matriz e atingir trabalhadores de qualquer parte do mundo.

Para Valter Sanches, secretário de organização da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), “muitas vezes nossa ação sindical se limita a tratar das conseqüências de decisões tomadas das matrizes dificultando o poder de negociação”. Ele lembrou que nos países participantes do encontro só existem subsidiárias das montadoras.

– Temos de ter a possibilidade de interferir sobre a decisão de uma montadora quando ela resolve fechar um local de trabalho, quando decide produzir uma peça em um país e mandar para a montagem em outro – ponderou.

Ele ressaltou que a diretoria de uma subsidiária, muitas vezes, apenas informa a decisão da matriz “e não tem como tomar decisões ou negociar porque a medida já vem em um pacote fechado”.

No encontro que termina quarta-feira, vai ser definido o Plano de Ação da Fitim entre 2005 a 2009. Valter Sanches informou que a Fitim representa cerca de 25 milhões de metalúrgicos no mundo por meio dos sindicatos.

Ele disse também, que além da preocupação na manutenção e criação de empregos, outro ponto importante é o fluxo de investimentos.

– Hoje os principais mercados (Europa e Estados Unidos) estão com uma produção estagnada, a demanda vem crescendo timidamente e o emprego é o resultado desses investimentos- explicou. Atualmente a China e países do Leste Europeu “são as meninas dos olhos das montadoras no mundo”, disse Sanches, por conta das políticas de incentivos desses governos e no baixo custo de mão-de-obra, alta jornada de trabalho e desregulamentação do mercado de trabalho.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos filiados à Força Sindical, Luiz Oliveira Rodrigues, o Luizinho, disse que o encontro vai discutir de que forma uma ação conjunta poderá ser realizada no continente.

– Temos de ser solidários com todos os metalúrgicos do mundo e nos preparar para evitar que o que está acontecendo na Europa e Estados Unidos, com as demissões, não ocorra nos países da região – disse.

Ele entende que os países em desenvolvimento são o destino natural das montadoras que estão reestruturando a produção no mundo. Entretanto defendeu maior ação da categoria no cenário mundial para “de forma organizada cobrar seus direitos”.