Sindicalista considera plano da Varig inaceitável

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Publicado terça-feira, 13 de setembro de 2005 as 12:16, por: CdB

O plano de recuperação judicial da Varig foi considerado pela presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas como “um balão de ensaio para cumprir tabela e inaceitável”. Com previsão de demitir cerca de 1,5 mil trabalhadores, a proposta terá a resistência da categoria, garantiu a sindicalista. Graziela Baggio criticou, nesta terça-feira, a falta de criatividade do plano apresentado na véspera.

– De concreto (o plano) só fala em demissões e venda da VarigLog, uma ativo que dá receita mensal de 12 milhões de dólares para a Varig. Eles deveriam demitir a Lufthansa Consulting, que cobrou 850 mil euros para elaborar um plano que não trouxe nada de novo… negociar com credores é de praxe – avaliou.

Desde junho, a Varig está sob recuperação judicial e teve 60 dias para elaborar um plano, que será apresentado aos credores, com assessoria da Lufthansa Consulting, do banco UBS e de escritórios de advocacia. Segundo o presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, o plano é apenas uma base para o início das negociações com credores, que formarão um comitê no próximo dia 24.

Graziela disse ter ficado decepcionada por não ver no plano indicações de investidores interessados, e acusou a atual direção da Varig de não ter diálogo com quem realmente quer aportar recursos, como o grupo Docas e o investidor Jaime Toscano. Os dois grupos estão negociando diretamente com a Fundação Ruben Berta (FRBPar).

– As duas propostas colocam dinheiro imediatamente na Varig, meu medo é que esse plano seja impugnado pela Justiça, ou não aceito pelos credores. Mesmo que seja aceito, só será executado depois de novembro, e se a empresa está tão estrangulada como dizem, esperar é temerário – disse a sindicalista.

Sem opção

Já o analista Marcelo Ribeiro, da corretora Pentágono, é menos cético e não vê outra opção para os credores do que renegociar créditos concedendo descontos.

– É escolher entre a falência da empresa e não receber nada e receber pelo menos um pouco – opinou.

Ele lembrou que em 2002, o plano proposto pelo consórcio liderado pelo Unibanco, contratado para resolver o endividamento da Varig, teve boa aceitação entre os credores, que chegaram a fazer provisionamentos de perdas.

– O plano ainda está em aberto, mas não existe mágica: os credores vão tomar deságio grande na dívida – afirmou.

A dívida da Varig, segunda maior companhia aérea do país e presente há 78 anos no mercado, é de 7,7 bilhões de reais, sendo 4,5 bilhões de reais em passivo fiscal, que estão fora do plano de recuperação judicial, e 3,2 bilhões de reais com bancos, fornecedores e empresas estatais. Ele avaliou a proposta do comando da Varig como positiva, já que vai diminuir o endividamento da empresa em um momento de mercado aquecido, o que vai atrair investidores, do mercado de capitais ou do setor de aviação.

– Se a economia brasileira continuar indo bem e com a nova estrutura de capital, a Varig acaba se viabilizando – avaliou.

No ano até agosto a indústria de aviação nacional cresceu 16,4 por cento contra o mesmo período de 2004, segundo dados do Departamento de Aviação Civil (DAC).