Sílvio Santos, o camelô espertalhão

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Publicado terça-feira, 20 de agosto de 2024 as 11:12, por: CdB

Sílvio Santos recebeu tratamento de herói nacional, homenageado pelo presidente (argh!) da República, por hipócritas das artes e comunicações, por jogadores de futebol, por tantos quantos se deixam enganar por camelôs e também por aqueles que não são tolos mas carentes de coragem para dizer que o rei estava nu.

Por Celso Lungaretti

Espertalhão tem tratamento de herói nacionalRepresentou o pior que o Brasil produz: um espertalhão com muita lábia, que encheu seus incontáveis baús com a grana sofrida dos pobretões.

Direto convidado
Imagem meramente ilustrativa

Inclusive minha mãe, que comprava seus carnês, nunca ganhava nada nos sorteios e, findo um ano (se bem me lembro), recebia de volta a mesma quantia que gastara na aquisição. Só que a inflação era alta e o que lhe restituíam não significava nem a metade do valor original.

Para piorar, tal merreca tinha de ser utilizada para comprar artigos disponibilizados no próprio Baú da Felicidade, tralha de quinta categoria a preços exorbitantes.

Então, dele sempre lembrarei da decepção de minha mãe quando ia na sua loja de camelô e saía com qualquer tranqueira, sentindo-se lesada mas sempre caindo de novo na mesma arapuca adiante.

E vou lembrar também do dono de TV que invariavelmente puxava o saco de quem estivesse no poder, nem que fosse um tirano sanguinário como o Médici!

E do bilionário que durante décadas aporrinhou o grande Zé Celso, ameaçando desfigurar o Teatro Oficina.

Mas, por que fez tanto sucesso, apesar de ser o pior tipo do sanguessuga, aquele que chupa o sangue dos coitadezas?

A música de Alcides Gerardi, Tem Bobo Pra Tudo, dá a resposta: porque quem na conversa vende algodão por veludo sempre se dá bem no Brasil, pois aqui tem bobo pra tudo.

Por Celso Lungaretti, jornalista, escritor, militante contra a ditadura militar, criador do blog Náufrago da Utopia

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