Setor de videogames demonstra pé atrás em relação a Hollywood

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Publicado quarta-feira, 19 de maio de 2004 as 15:33, por: CdB

Será que já terminou a lua-de-mel entre Hollywood e a indústria dos videogames?

Nos últimos quatro anos os estúdios de cinema e as companhias de games se aproximaram muito, a tal ponto que filmes de ação de grande orçamento como “Van Helsing — O Caçador de Monstros” e “The Punisher — O Justiceiro” hoje praticamente exigem ser acompanhados de um jogo eletrônico.

Mas os fãs dos games se impacientam com o que dizem ser uma escassez de novas idéias, e as empresas andam mais cautelosas diante da obrigação de pagar taxas de licenciamento altas para arriscar-se com conteúdos que não lhes pertencem.

Na semana passada, a maior feira de games do mundo, a E3, destacou vários jogos nascidos de filmes, programas de TV e histórias em quadrinhos, entre eles “Shark Tale”, da Activision, baseado no desenho animado ainda inédito da Disney, e “100 Balas”, da Acclaim Entertainment, baseado na HQ da DC Comics.

Ao mesmo tempo, a Associação de Softwares de Entretenimento divulgou uma pesquisa indicando que um terço dos jogadores gostariam de ver menos títulos licenciados, especialmente na medida em que a tecnologia vem ampliando os limites do que é possível.

SUCESSOS E FRACASSOS

É verdade que algumas empresas de games fizeram fortunas com franquias cinematográficas.

A Electronic Arts vendeu dezenas de milhões de jogos baseados em “Harry Potter”, “James Bond” e “O Senhor dos Anéis”, muitas vezes criando os games concomitantemente com os filmes.

A THQ já lucrou centenas de milhões de dólares com licenças de filmes da Pixar e da TV a cabo Nickelodeon, e a Activision prevê um enorme sucesso com o próximo filme “Homem Aranha”.

Para cada grande sucesso, porém, há outros games baseados em filmes que decepcionam.

Foi o caso de “Terminator 3”, da Atari, e “Alias”, da Acclaim, que não alcançaram a meta apesar de incluir imagens de grandes astros de Hollywood.

O executivo-chefe da Atari, Bruno Bonnell, disse à Reuters que nem sequer vale a pena lançar um game licenciado caso não seja ao mesmo tempo em que o filme original e sem imagens dos astros do longa-metragem.

“Não é certeza alguma um grande filme de ação virar um grande jogo interativo”, disse ele.

Para as empresas de games, o problema é que, além de pagar taxas de licenciamento adiantadas que podem chegar às dezenas de milhões de dólares, elas normalmente pagam royalties sobre cada unidade vendida.

E, como as licenças não são permanentes, a empresa corre o risco de perder seus games mais importantes a qualquer momento.