Setor bancário europeu contribui negativamente com a economia

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Publicado segunda-feira, 2 de junho de 2014 as 14:36, por: CdB
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O setor bancário europeu está inchado e tira da economia ao menos um montante igual ao que acrescenta, disseram conselheiros acadêmicos ao órgão europeu encarregado por avisos preventivos de risco ao setor financeiro em um relatório publicado nesta segunda-feira.

“Segundo todos os indicadores, nosso paciente é anormalmente pesado”, escreveram os acadêmicos em um relatório de 50 páginas, entitulado “A Europa está com excesso de bancos?”, no qual expuseram uma gama de opções de política para endireitar o setor.

Os acadêmicos, cujas sugestões incluem aumentar os requisitos mínimos de capital, escreveram o relatório para o Comitê Europeu do Risco Sistêmico (ESRB, na sigla em inglês) — um órgão planejado para dar alertas preventivos e uma das principais respostas europeias à crise financeira.

“O sistema bancário europeu alcançou um tamanho no qual sua contribuição marginal ao crescimento econômico real provavelmente será nulo ou negativo”, escreveram no relatório os acadêmicos liderados por Marco Pagano.

O Comitê é hospedado e apoiado pelo Banco Central Europeu, apesar de que o BCE e o novo mecanismo único de supervisão (SSM, na sigla em inglês), o supervisor bancário da Europa, não estejam obrigados a atender qualquer recomendação feita.

Os acadêmicos escreveram que o setor bancário da Europa está associado a desequilíbrios tais como um excesso de investimento em imóveis e um desvio de talentos de setores não financeiros.

“Isso é uma questão preocupante pois estruturas financeiras muito enviesadas na direção de serviços bancários estão associadas a crescimento econômico menor”, escreveram eles no relatório da ESRB.

Eles acrescentaram que o modelo de banco universal — no qual bancos executam uma ampla gama de serviços bancários — é comum na Europa, apresentando uma fonte de fragilidade por estar associado a níveis maiores de exposição sistêmica a riscos.

Produção desacelera

O crescimento da indústria da zona do euro desacelerou mais do que inicialmente estimado no mês passado, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) nesta segunda-feira, o que deve alimentar as expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) venha a afrouxar a política monetária nesta semana.

O PMI final do Markit caiu para a mínima de seis meses de 52,2 em maio ante 53,4 em abril uma vez que dados fortes da Alemanha não conseguiram compensar a contração da atividade na França.

O número final ficou abaixo da leitura inicial de 52,5 mas manteve-se acima da marca de 50 que separa crescimento de contração pelo 11º mês seguido. O subíndice que mede a produção caiu para 54,3 ante 56,5, mais fraco que a leitura inicial de 54,7.

“A queda de maio no PMI da indústria vai inevitavelmente ampliar o clamor para que autoridades forneçam um impulso renovado e substancial para a economia da região e contenham a ameaça de deflação”, disse Chris Williamson, economista-chefe do Markit.