Sérvia nega rumores de prisão de Ratko Mladic

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Publicado quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006 as 10:12, por: CdB

O governo da Sérvia continua a negar rumores nesta quarta-feira de que o ex-comandante militar dos sérvios da Bósnia Ratko Mladic tenha sido preso. Mladic é acusado de genocídio e crimes de guerra durante a Guerra da Bósnia (1992-95) e o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em Haia, pressiona as autoridades de Belgrado a extraditá-lo.

Há relatos na imprensa sérvia de que Mladic teria sido localizado nas colinas a oeste de Belgrado, perto da fronteira bósnia, e que negociações para a sua rendição estariam em andamento. O governo da Sérvia, porém, nega e diz que a onda de rumores prejudica seus esforços para atender aos pedidos do tribunal da ONU. Em Belgrado, os rumores sobre a prisão de Mladic não são novidade, mas nunca foram tão fortes e duradouros.

A notícia surge na mesma época em que a União Européia realiza uma avaliação sobre as chances da Sérvia e Montenegro entrar para o bloco europeu. O Comissário europeu para a Expansão, Olli Rehn, deve apresentar no início da próxima semana um relatório aos ministros das Relações Exteriores dos países-membros sobre como anda a cooperação da Sérvia com o tribunal de Haia.

No mês passado, a UE advertiu as autoridades sérvias de que o processo rumo à entrada do país no bloco pode ser interrompido caso Belgrado não entregue Mladic para julgamento. Ratko Mladic está foragido desde o fim do conflito bósnio, em 1995. No papel de comandante das tropas sérvias da Bósnia, ele foi aliado do então presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, em seus planos de estabelecer uma “Grande Sérvia” sobre os escombros da antiga Iugoslávia.

As tropas sob o comando de Mladic são acusadas de praticar “limpeza étnica” contra croatas (católicos) e bósnios (muçulmanos). Entre outras atrocidades, foram responsáveis pelo cerco de Sarajevo, em que morreram cerca de 10 mil pessoas, e pelo massacre de cerca de 7,5 mil homens e meninos muçulmanos no vilarejo de Srebrenica (considerada a pior atrocidade na Europa desde a Segunda Guerra). Mladic está no topo da lista de procurados pelo tribunal de Haia, ao lado do ex-líder político dos sérvios da Bósnia Radovan Karadzic.