Senador anuncia ação contra agência de espionagem dos EUA

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Publicado quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014 as 07:22, por: CdB
Rand Paul, do Tea Party, é contra as atividades da NSA, mas nos EUA. Somente nos EUA
Rand Paul, do Tea Party, é contra as atividades da NSA, mas nos EUA. Somente nos EUA

O senador norte-americano Rand Paul entrou com uma ação popular contra o governo de Barack Obama e a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês). A ação, impetrada nesta quinta-feira, teria por objetivo mudar os termos do vasto programa de “vigilância”, ou espionagem, do Estado. Paul é um senador republicano integrado ao movimento conservador tradicional no Senado, o Tea Party, mas prometeu uma “luta histórica” contra a NSA, quando anunciou a ação durante uma coletiva de imprensa, explicando também que não é contrário à “vigilância”, mas à falta de um procedimento jurídico.

Há análises sobre a instrumentalização da questão da espionagem e as crises políticas que ela causou entre os EUA e diversos aliados para o ataque ao governo dos Democratas, mas o movimento contrário ao programa de vigilância global, denunciado no ano passado pelo ex-técnico informático Edward Snowden, ainda repercute de forma abrangente.

Apesar do caráter global da espionagem norte-americana, a ação do senador desafia apenas a constitucionalidade do programa da NSA no tocante à coleta de dados das chamadas telefônicas dos cidadãos norte-americanos, sem se levantar contra a espionagem internacional patrocinada pela agência. São diversos os movimentos de defesa dos direitos civis que denunciam a violação da Quarta Emenda constitucional sobre o direito à privacidade.

– Há uma massa enorme e crescente de protesto neste país, de pessoas que estão revoltadas porque suas comunicações estão sendo coletadas sem qualquer suspeita, sem a autorização de um juiz e sem individualização, ou seja, de forma generalizada – disse o senador Paul.

O anúncio do senador republicano soma-se também às denúncias sobre o uso de drones (veículos aéreos não tripulados) dentro dos Estados Unidos para a “vigilância”. Seu ativismo contra a condução do programa de forma secreta e sem autorização de um juiz alimentam especulações de que ele concorrerá à presidência em 2016.

– Não sou contra a NSA, não sou contra a espionagem, não sou contra a avaliação de chamadas telefônicas. Eu só quero que isso seja recorrendo a um juiz, com o nome de um indivíduo, para obter uma autorização. É isso o que diz a Quarta Emenda – afirmou.

Ameaças de morte

A NSA tem sido acusada de promover uma verdadeira tortura mental ao dissidente norte-americano Edward Snowden. Segundo ele denunciou, em recente entrevista, até ameaças de morte lhe têm chegado, ultimamente.

– Sim, tenho recebido várias ameaças – denunciou, com um ar aparentemente sereno, o ex-espião asilado em Moscou.

Edward Snowden gravou o documentário ‘Edward Snowden – Das Interview’, exclusivo para a televisão alemã, filmado no dia 23 de Janeiro pelo jornalista investigativo Hubert Seipel, apresentado esta semana em Berlim.

Um receio que se baseia nas declarações de indivíduos do Pentágono e da NSA ao website americano BuzzFeed em que alegaram que ficariam “encantados por me meter uma bala na cabeça, ou envenenar-me quando regressasse nas compras, alega o ex-espião”. Apesar de tudo, Snowden confirmou que “dorme bem” e “não está arrependido” do que fez.

Tudo mudou quando o mundo ficou a par da espionagem da NSA em emails, cartões de crédito, computadores pessoais e escutas de telemóveis em vários países do mundo, “sem que essas pessoas fossem suspeitas de qualquer ilegalidade e sem autorização legal”. Bem como o alcance das escutas efetuadas à chanceler alemã Angela Merkel.

– Ninguém imaginaria que, se quisessem obter informações sobre os alemães, bastaria grampear a (premiê) Angela Merkel nos últimos dez anos – disse o analista.

O jornalista alemão foi mais longe questionando-o se também fariam espionagem industrial “aos nossos vizinhos do Sul da Europa”. Snowden sorriu e declarou: “isso acontece no mundo todo”, afirmou.

Edward Snowden, de 30 anos, trabalhou como contratado para a CIA e NSA a analisar dados recolhidos pelas operações de segurança e vigilância. Ele que assumiu com um sorriso irónico possuir “uma profunda e informal educação em sistemas informáticos” e ter desejado “ingressar nas Forças Especiais durante a guerra no Iraque”, apesar de ter sido desmobilizado devido a um “acidente nas pernas”.