Sem acordo sobre reforma, ONU tenta últimas negociações

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Publicado segunda-feira, 5 de setembro de 2005 as 10:36, por: CdB

A poucos dias da maior reunião de líderes mundiais da história, os diplomatas da Organização das Nações Unidas (ONU) tentam superar as profundas divisões sobre como lidar com a pobreza, fortalecer os direitos humanos e cuidar da segurança global no século 21. O embaixador norte-americano, John Bolton, se disse otimista quanto à aprovação de um documento durante a cúpula dos dias 14 a 16.

– Acho que ainda estamos tendo progressos. Acho que está devagar, mas constante. É por isso que estamos aqui num domingo e é por isso que estaremos aqui na segunda-feira (feriado norte-americano do Dia do Trabalho) – disse Bolton durante as longas negociações.

Uma quarta proposta deve ser apresentada na segunda-feira, mas cheia dos colchetes que indicam pontos em que as discordâncias permanecem. Na verdade, ninguém duvida de que a cúpula vai aprovar algum documento. A questão é qual será sua abrangência.

O secretário-geral Kofi Annan espera que os 175 líderes preparem novas abordagens para os problemas globais e revitalizem a ONU. Os países ricos devem aceitar uma agenda de desenvolvimento em troca de apoio em questões como direitos humanos, terrorismo, intervenção em caso de genocídio e crimes de guerra e reforma da ONU.

Mas há profundas divergências em cada um desses pontos, mesmo entre Estados Unidos e União Européia ou entre os países em desenvolvimento.

A União Européia está entre os poucos grupos que apóiam um esboço de 39 páginas preparado pelo presidente da Assembléia Geral, Jean Ping. Os Estados Unidos apresentaram mais de 500 emendas ao texto.

O embaixador holandês, Dirk Jan van den Berg, disse que a proposta recebeu apoio de 125 países de todas as regiões. Ellen Margrethe Loj, da Dinamarca, disse que os que estão de acordo com o texto “deveriam se manifestar”:

– A posição da UE foi de que o documento revisto do presidente Ping era uma excelente base, e odiaríamos ver que foi diluído demais”, afirmou Loj. “Por outro lado, sabemos que há questões onde temos de encontrar um acordo político entre as delegações.

Vários negociadores disseram que John Dauth, o embaixador australiano na ONU e chefe do grupo que trata das ameaças de armas não-convencionais, avisou que “não há perspectiva de progressos”.

Os países em desenvolvimento hesitam em aceitar as exigências dos ricos sem que haja como contrapartida um forte compromisso de combate à pobreza. Com relação ao desenvolvimento, os Estados Unidos querem retirar do texto qualquer menção aos chamados “Objetivos do Milênio” — oito metas relativas a pobreza, fome, educação, Aids e outros assuntos, a serem atingidas até 2015, conforme ficou acertado numa cúpula da ONU em 2000.