Se Kerry ganhar, não haverá grandes mudanças no Oriente Médio

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Publicado sexta-feira, 30 de julho de 2004 as 02:32, por: CdB

Os pacifistas podem tirar o cavalo da chuva. Maus presságios foram anunciados por John Kerry para quem esperava ver uma grande mudança na política externa dos Estados Unidos, pelo menos com relação ao Oriente Médio.

Grande parte de toda a confusão em que a região está metida é decorrente do conflito entre Israel e os palestinos.

Uma mudança no estilo norte-americano de lidar com a situação é fundamental para que a violência cesse e para que possa haver um pouco de equilíbrio e paz na região.

Mas as notícias não são animadoras.

Se John Kerry, o candidato democrata a presidente dos Estados Unidos, for realmente eleito, como indicam as pesquisas de intenção de voto, não irá negociar com o líder palestino Yasser Arafat.

Essa é a linha adotada pela atual administração de George W. Bush, que aceitou argumentos israelenses de que Arafat havia apoiado atos de terror.

Kerry entregou a membros da comunidade judaica americana um documento em que promete aumentar as relações especiais de Washington com Israel.

A declaração é totalmente desanimadora e preocupante. Numa região povoada de muçulmanos, é interessante para os Estados Unidos manterem um país que atue de acordo com os seus interesses. E vem daí o ódio dos seguidores de Alá pela nação norte-americana.

Em maio George Bush recebeu a visita de Ariel Sharon na Casa Branca e apoiou o plano do premiê israelense de retirar as colônias judaicas da Faixa de Gaza. Decisão unilateral e cheia de controvérsias.

Um grupo de 52 ex-diplomatas norte-americanos escreveu uma carta para Bush, na qual criticam o apoio incondicional dado ao país.

Os Estados Unidos fazem “doações” a Israel na casa dos US$6 bilhões anuais. Repassam armas e tecnologia bélica. O intercâmbio cultural entre os dois países é grande.

Para piorar a situação, Kerry tocou em outra ferida do conflito, ele afirmou também pensar que o muro construído por Israel em territórios palestinos ocupados na Cisjordânia é uma “ação legítima de autodefesa”.

O muro recebeu, na semana passada, reprovação quase unânime das Nações Unidas. Está sendo estudado até mesmo um pedido de sanção econômica a Israel caso insista na construção da barreira.

São pontos chaves para a negociação da paz no Oriente Médio que precisam ser resolvidos. O apoio que Israel recebe é a ferida da questão.

Israel tem que se retirar dos territórios ocupados e um estado palestino tem que ser criado.

Se não houver uma mudança nessa política, a paz não virá. O resto é conversa. De nada vai adiantar qualquer tipo de projeto pacífico se a questão entre eles não for resolvida.