Saldo comercial gera otimismo no BC

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Publicado segunda-feira, 2 de maio de 2005 as 12:34, por: CdB

O saldo da balança comercial (exportações menos importações) no mês passado foi de US$ 3,876 bilhões, com crescimento de 15,73% em relação ao de março, quando o superávit chegou a US$ 3,349 bilhões. Esse bom desempenho elevou o saldo acumulado de janeiro a abril para US$ 12,194 bilhões – recorde absoluto para o primeiro quadrimestre.

No mesmo período do ano passado, quando a balança comercial brasileira teve sua melhor performance até então, o saldo alcançou US$ 8,093 bilhões. Houve, portanto, um crescimento de 50,67% na comparação entre os dois períodos. O aumento foi mais acentuado na relação com abril do ano passado, quando o saldo foi de US$ 1,960 bilhão. O aumento foi de 97,75% – quase o dobro.

No ano, as vendas externas somaram US$ 33,653 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 21,459 bilhões. Em virtude de as exportações terem crescido em um ritmo mais forte que as importações, os saldos vêm batendo sucessivos recordes, mês-a-mês, de modo a que o saldo acumulado, de maio de 2004 a abril deste ano, atingiu a cifra de US$ 37,770 bilhões – mais de US$ 10 bilhões, comparado ao saldo de US$ 27,360 bilhões, no acumulado maio/2003 a abril/2004.

Otimismo no BC

Analistas de mercado e instituições financeiras consultados pelo Banco Central aumentaram suas expectativas quanto ao saldo da balança comercial neste ano. A projeção, de US$ 33,85 bilhões na semana passada, passou para US$ 34 bilhões, com reflexo positivo também no saldo de todas as transações correntes com o exterior (operações incluindo receitas obtidas com exportações de mercadorias; gastos com importação; pagamentos de juros da dívida externa; seguros e fretes etc.), que deve ser de US$ 8,10 bilhões, e não mais os US$ 7,32 bilhões imaginados na semana anterior.

Isso é o que revela o Boletim Focus, distribuído nesta segunda-feira pelo BC, com base na pesquisa realizada na última sexta-feira com uma centena de instituição e analistas de mercado sobre tendências dos principais indicadores econômicos. A pesquisa mostra, na contramão, que o crescimento da produção industrial neste ano será de 4,64%; menor, portanto, que os 4,81 projetados na semana passada.

Com isso, a expectativa de crescimento do Produto interno Bruto (PIB) cai mais um pouco. Da projeção de 3,69% há um mês, caiu para 3,67% na semana anterior, e agora está em 3,64%; e a perspectiva de PIB (soma de todas as riquezas produzidas no país) para 2006 também cai junto: de 3,70% há um mês, para 3,62% na pesquisa anterior, e agora para 3,50%.

O Boletim Focus manteve a projeção de US$ 14,50 bilhões para a entrada de investimentos estrangeiros diretos neste ano (US$ 15 bilhões no ano que vem). Também manteve o índice de 51,50% para a relação entre dívida líquida do setor público e PIB, mas elevou de 50% para 50,20% a previsão da relação dívida/PIB para 2006.

Os economistas consultados pelo BC estimam que a cotação do dólar no final do ano será de R$ 2,75, e não mais de R$ 2,80 como imaginavam na semana anterior; e a cotação para o ano que vem também cai de R$ 2,95 para R$ 2,90. Cenário de mercado que não mexerá com a taxa básica de juros, que deverá ser mesmo de 17,75% ao ano no final de 2005, caindo para 15% no final de 2006.