Russos saem às ruas divididos sobre reformas sociais

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Publicado sábado, 12 de fevereiro de 2005 as 13:48, por: CdB

Centenas de milhares de manifestantes rivais tomaram 70 cidades russas neste sábado para condenar ou apoiar a reforma nos benefícios sociais proposta pelo governo do presidente Vladimir Putin, relatou a imprensa russa.

No maior evento, milhares de manifestantes pró-Putin fizeram uma passeata pelo centro da capital, Moscou. Centenas de policiais acompanharam a manifestação.

Foi o primeiro grande ato público a favor do presidente desde que os protestos começaram no mês passado em São Petersburgo, cidade natal de Putin, quando milhares de pensionistas se manifestaram contra a reforma nos benefícios sociais.

– Não há razão para estar insatisfeito com Putin. Estamos aqui para mostrar o nosso apoio e carinho por ele – disse Anatoly, um oficial da reserva da Marinha, com 80 anos, que não quis dar o sobrenome.

Policiais no local disseram que o ato contou com 5 mil a 6 mil pessoas, principalmente pensionistas. A agência de notícias russa Itar-Tass citou um porta-voz do Ministério do Interior, que calculou em 250 mil o número de pessoas que participaram de manifestações em todo o país.

Não está claro quantos dão apoio a Putin e quantos protestam contra a reforma. A agência de notícias Interfax disse que 10 mil pessoas demonstraram apoio a Putin em quatro outras cidades próximas a Moscou.

– Mantenha a estabilidade, apóie o presidente –  dizia uma faixa carregada na passeata pró-Putin de Moscou.

Uma estação de rádio disse que alguns manifestantes reclamavam por terem sido forçados a participar. Bônus teriam sido prometidos a trabalhadores, e crédito educacionais a estudantes. Soldados teriam recebido ordens para também participar.

A reforma substitui direitos dos pensionistas, como transporte público e assistência médica gratuitos, por pequenas compensações em dinheiro.

O tema provocou a maior queda na popularidade de Putin desde a sua reeleição no ano passado e deu à oposição comunista munição para um voto de desconfiança no governo nesta semana. Mesmo afetado politicamente, Putin acabou vencendo a disputa no Parlamento.