Rússia comemora 87º aniversário da revolução

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Publicado domingo, 7 de novembro de 2004 as 10:46, por: CdB

A polícia russa invadiu neste domingo as ruas do centro de Moscou para garantir a segurança na comemoração do 87º aniversário da revolução de outubro. O Kremlin e os comunistas comemoravam de maneira separada o aniversário, em meio ao temor de um ataque terrorista, presente em todas as grandes comemorações da Rússia.

Todas as passagens subterrâneas de pedestres dos arredores do Kremlin foram fechadas, enquanto centenas de policiais patrulhavam as ruas da cidade, com trânsito limitado, a pé e em viaturas.

O dia 7 de novembro, aniversário do começo da revolução de outubro de 1917 – época em que a Rússia ainda usava o calendário juliano, que considera bissextos todos os anos múltiplos de 4 – continua sendo uma data festiva na Rússia, apesar de ser muito polêmica desde o fim da União Soviética.

Recentemente, o Kremlin propôs tornar esta data um dia de reconciliação nacional e transferir a comemoração para 4 de novembro, que marca a vitória de uma guerra contra a Polônia. Porém, neste domingo o governo determinou o desfile de 2.000 soldados na Praça vermelha. Apesar de nenhuma autoridade política ter presenciado o desfile, as imagens da televisão lembravam aos mais velhos uma era acabada.

Segundo a televisão, o desfile comemorava o aniversário de 7 de novembro de 1941, quando os soldados desfilaram na Praça Vermelha antes de partir para o combate contra as tropas alemãs perto da capital. Em uma tentativa de reconciliar todos, o prefeitos de Moscou jogou mais lenha na fogueira.

– Para todos nós, este aniversário é o daquele dia inesquecível de 1941, mas também o da grande revolução socialista de outubro – declarou Yuri Lujkov, segundo a agência Interfax.

Para comemorar o aniversário da revolução, e apenas este, os comunistas, a cada ano em menor número, saíram às ruas exibindo bandeiras vermelhas.
Segundo os organizadores, entre 10 mil e 15 mil deles se reuniram na manhã deste domingo na zona sul Moscou diante da principal estátua de Lenin ainda de pé.

– Marchamos pela defesa dos trabalhadores, dos direitos e contra o Estado policial – declarou no sábado o líder do Partido Comunista, Guennadi Ziuganov.

Porém, os manifestantes de domingo, a maioria em idade avançada, afirmaram defender o espírito da revolução.

– Lamento o fim da União Soviética. Não tínhamos nenhum problema de desemprego na época e não havia tanta desordem – afirmou o aposentado Boris Vladimirov.