O secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, disse na quinta-feira que o Congresso cometeria um erro se estabelecesse um cronograma para a retirada das forças dos EUA do Iraque, porque isso incentivaria os insurgentes.
Em audiência à Comissão de Serviços Armados do Senado, Rumsfeld alertou contra a retirada das tropas antes que as forças de segurança iraquianas estejam treinadas para proteger o país.
Um pequeno grupo bipartidário propôs na semana passada uma resolução no Congresso pedindo ao governo Bush que crie até o final do ano um plano para retirar todo o contingente norte-americano do Iraque a partir de 1o. de outubro de 2006.
– Alguns no Congresso sugeriram que prazos sejam marcados – afirmou Rumsfeld. – Isso seria um erro. Daria uma corda de salvação aos terroristas, que nos últimos meses sofreram baixas significativas, não tiveram abrigo e perderam apoio popular.
Mas o líder democrata na comissão, senador Carl Levin, disse que não deve se descartar um prazo para a retirada.
– Os iraquianos aprovaram um prazo para adotar uma Constituição: 15 de agosto, com a possibilidade de uma prorrogação, e não mais que uma, de seis meses – afirmou.
– Os Estados Unidos precisam dizer aos iraquianos e ao mundo que, se o prazo não for cumprido, vamos rever nossa posição, com todas as opções em aberto, inclusive, mas não só, o estabelecimento de um cronograma para a retirada – disse.
– Devemos demonstrar aos iraquianos que a nossa disposição de arcar com o ônus da segurança tem limites. Abrimos as portas para os iraquianos a um grande custo, mas só eles podem atravessá-la. Não podemos manter essa porta aberta indefinidamente – acrescentou o senador.
Há um crescente desconforto com a questão do Iraque entre alguns parlamentares dos EUA, e o apoio popular à guerra vem diminuindo, segundo as pesquisas mais recentes.
O influente senador republicano Chuck Hagel disse recentemente à revista U.S. News and World Report que a Casa Branca está “desconectada da realidade” no seu otimismo a respeito da guerra.
– As coisas não estão melhorando, estão piorando. É como se eles estivessem maquiando as coisas enquanto seguem adiante. A realidade é que estamos perdendo no Iraque – disse ele.
Sem citar o nome de Hagel, Rumsfeld disse que “o momento na guerra nunca é previsível. Não há garantias. A qualquer um que disser que perdemos esta guerra ou que estamos perdendo está errado. Não estamos”.