Relatório da PF aponta Lorenzetti como mentor da compra do dossiê

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Publicado sexta-feira, 20 de outubro de 2006 as 18:55, por: CdB

O ex-assessor de Análise e Risco da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, Jorge Lorenzetti está sendo apontado como “a pessoa que articulou no âmbito nacional a compra do dossiê” pelo relatório parcial da Polícia Federal entregue, nesta sexta-feira, à Justiça Federal, em Mato Grosso.

Segundo o relatório, “ele pediu que Gedimar Passos fizesse o contato inicial com Valdebran Padilha, dando funções específicas a Expedito Veloso (ex-diretor do Banco do Brasil) e Osvaldo Bargas (ex-assessor do Ministério do Trabalho). Ele também pediu que Gedimar fosse a São Paulo para receber o dossiê e entregar a Hamilton Lacerda (ex-assessor do candidato petista Aluízio Mercadante ao governo de São Paulo)”. Segundo a PF, apesar de Lorenzetti comandar todo o esquema, “tudo sob seu comando e, estranhamente, não sabia do dinheiro”.

As alegações de Hamilton Lacerda, de que teria ido ao hotel Íbis, onde os petistas foram presos com o dinheiro para a compra do dossiê, com “uma mala cheia de boletos de contribuição da campanha presidencial”, segundo o relatório, “está cada vez mais dificil de acreditar”.

O dossiê, segundo a PF, “visava alterar o rumo das pesquisas do eleitorado paulista, fazendo uma relação do candidato José Serra (PSDB), com a máfia dos sanguessugas”. A PF diz que o dossiê fora negociando por R$ 2 milhões com o empresário Luiz Antônio Vedoin, preso por chefiar uma quadrilha que vendia ambulâncias superfaturadas.

O relatório cita apenas duas vezes o ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy. Na primeira, cita o seu termo de declarações e o auto de acareação entre ele e Gedimar Passos. Mas não entra em detalhes. Na segunda, diz apenas que “negou qualquer envolvimento com o Escândalo do Dossiê, dizendo que não deu apoio às pessoas envolvidas”.

Segundo o relatório, foram apreendidos com Valdebran Padilha R$ 758 mil e US$ 109.800, e com Gedimar Passos US$ 139 mil e R$ 410 mil. A origem do dinheiro permanece desconhecida. Mas segundo a PF, o dinheiro é de fonte ilícita. “Se o numerário teria vindo de fonte lícita, por uma lógica simples, o dono já teria vindo reclamá-lo”.

O delegado Diógenes Curado, que assina o relatório, aposta que as investigações sobre a origem dos dólares – parte do dinheiro apreendido com os petistas – estão em sua fase final. Em relação aos reais, o rastreamento só apontou até agora como fonte de pequena quantia, R$ 5 mil reais, o jogo do bicho no Rio de Janeiro.