Receoso, Amorim fica em Caracas até o fim da apuração dos votos

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Publicado segunda-feira, 29 de julho de 2024 as 19:18, por: CdB

Perguntado por jornalistas sobre sua opinião quanto à lisura do pleito, Amorim citou o pensador grego Aristóteles: “Sou amigo de Platão, mas sou mais amigo da verdade. Estou procurando a verdade”.

Por Redação, com ABr – de Caracas

O assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, permanecerá na capital venezuelana até terça-feira, quando deverá ser anunciada o contagem dos votos, nas eleições realizadas na véspera. O governo brasileiro, nesta segunda-feira, não havia reconhecido a reeleição de Nicolás Maduro, conforme anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na noite anterior. 

Amorim foi o chanceler brasileiro durante o governo do presidente Lula
Amorim foi o chanceler brasileiro durante todos os mandatos anteriores do presidente Lula

Perguntado por jornalistas sobre sua opinião quanto à lisura do pleito, Amorim citou o pensador grego Aristóteles: “Sou amigo de Platão, mas sou mais amigo da verdade. Estou procurando a verdade”.

Amorim disse, ainda, que se reunirá nas próximas horas com observadores internacionais, analistas locais e manterá diálogos com governos estrangeiros. O diplomata já conversou com Gerardo Blyde, coordenador da oposição nos diálogos com o governo de Maduro e um dos principais interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na oposição venezuelana.

— É meio difícil ter a proclamação do resultado com solenidade, sem ter a transparência, a disponibilidade das atas. O sistema não permite manipulação. A dúvida que pode haver é se o total (de atas) corresponde ao que de fato cada mesa produziu — afirmou.

 

Informações

Sem as atas verificadas, destacou Amorim, “fica difícil o reconhecimento (do resultado do pleito)”. As conversas do representante brasileiro e sua equipe com outros governos ocorrem desde sábado, com muitos desses governos aguardando a posição que será adotada pelo Brasil, baseada nas informações que Amorim fornecerá ao presidente Lula.

Permanecem dúvidas, no entanto, de lado a lado. O Brasil buscará certezas tanto sobre o que o CNE afirma quanto sobre as denúncias de fraude da oposição. Uma das fontes mais confiáveis, para a missão chefiada por Amorim, é o Centro Carter. Enviados das Nações Unidas também estão dialogando com representantes do governo brasileiro.

Nesta segunda-feira, Amorim reiterou que foi “um grave erro a União Europeia ter dado motivo ou pretexto para ser desconvidada (pelo governo venezuelano para ser observador)”. O governo de Maduro argumenta que a UE não suspendeu, como prometido, as sanções contra o país e seus funcionários, incluindo a vice-presidente Delcy Rodríguez.

— Se a UE tivesse vindo, não teria acontecido nada disso — pontuou.

 

Itamaraty

Na região, o Brasil está em conversas com os governos da Colômbia, México e EUA. O governo norte-americano declarou abertamente não reconhecer o resultado anunciado pelo CNE. O governo do presidente colombiano Gustavo Petro aposta em uma posição conjunta com o Brasil, embora ainda não esteja claro se isso ocorrerá.

— Estamos cautelosos. Eu fui dormir com o quadro que parecia ser oposição com vitória de 65% a 30% e acordei com vitória de 51% a 45% (para Maduro) — disse Amorim.

O ex-chanceler brasileiro reforçou, ainda, que não é possível afirmar que houve fraude e reconheceu que é uma “situação complexa”.

— Não sou daqueles que reconhece tudo o que é dito, mas também não vou entrar numa de dizer que foi fraude. É uma situação complexa e queremos um regime democrático para a Venezuela de forma pacífica — continuou.

Em linha com Amorim, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse, em nota divulgada nesta manhã, que “acompanha com atenção o processo de apuração” das eleições venezuelanas e que “nesse contexto, a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.

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