Raves para surdos fazem sucesso em Londres

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Publicado quinta-feira, 15 de abril de 2004 as 13:34, por: CdB

Raves – festas de música eletrônica – para deficientes auditivos são cada vez mais populares na Grã-Bretanha.

Nessas festas, a música é tão alta que pode ser sentida fisicamente e os DJs abusam de batidas pulsantes e graves que fazem tremer o chão.

A próxima rave para surdos será nesta quarta-feira e o som será comandado por vários DJs, incluindo Gilles Peterson, da Rádio 1, da BBC.

O dinheiro arrecadado com a festa, que vai se chamar Deaf Jam, irá para organizações não-governamentais que defendem os direitos dos surdos.

O organizador do evento e pioneiro das raves para surdos, James Hoggarth, conta que teve a idéia quando, no meio de uma festa em um club, tapou os ouvidos com as mãos e percebeu que sentia a música tão intensamente como quando ouvia.

‘Corpo chacoalhando’

“Meu corpo estava literalmente chacoalhando; você não precisa escutar para ter a experiência de clubbing (passar a noite num club). Daí pedi para os DJs pegarem músicas com o baixo bem marcado e com ritmos pesados. Billie Jean, de Michael Jackson, é uma música ótima para ser tocada (nessas raves); e uma das minhas obrigatórias é LFO, uma música techno do início dos anos 90, famosa por quebrar equipamentos de som.”

“O volume pode ser mais alto (do que o normal) e o grave aumentado de forma que a noite possa ser realmente compartilhada com surdos e pessoas com dificuldades de audição.”

O evento desta quarta-feira será realizado no Plastic People, um clube do leste de Londres conhecido pelo seu potente sistema de som.

A última rave para surdos ocorreu no último sábado, quando cerca de 900 pessoas passaram a noite no clube Rocket, no norte de Londres. Foi o quarto evento organizado por Troi Lee, que nasceu surdo, no último ano.

O clubber Ashton Phillip, que é surdo, diz que as músicas nas raves para deficientes auditivos é muito mais alta do que nos clubes noturnos comuns.

“Você sente a música no seu corpo todo. Quando aumenta o volume e as vibrações ficam mais fortes, todo mundo se anima e dança.”

Ashton esteve na rave do último sábado. “Os DJs tocaram R’n’B, rap, reggae e hip hop. A maioria das pessoas surdas não sabiam dizer qual era o tipo de música pelas vibrações. Algumas achavam que era rock quando era de fato R’n’B porque os dois são música pesada. Mas eles adoraram as vibrações mesmo assim.”

Como em uma noite comum num clube noturno, a luz muda de cor de acordo com a música. O palco também é mais iluminado para que os clubbers surdos possam ver os artistas fazendo sinais. Na rave de sábado, havia um comediante australiando surdo, uma competição de rap com as mãos, e Karaokê.