Renda real crescente por mais de três meses consecutivos, esvaziamento dos debates nas CPIs do Congresso e a rápida eleição que levou o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) à presidência da Câmara dos Deputados estão ajudando a diluir o impacto da crise política e o resultado pode ser um quarto trimestre mais robusto e com mais alegria.
– O consumidor está mais confiante pela noção de que a crise política não afetou a economia. A sondagem do consumidor em setembro, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas, mostrou um consumidor mais otimistas após três meses de sentimento negativo – afirma Lygia de Salles Freire Cesar, economista da Rosenberg & Associados.
A pesquisa da Fecomercio também confirmou um nível menor de endividamento em setembro e o resultado tende a melhorar nos próximos meses, especialmente ante a perspectiva de queda dos juros, alerta Lygia. A queda do juro leva os bancos a alongar os prazos de financiamentos concedidos principalmente às pessoas físicas.
– Do lado dos bancos, prazos maiores garantem retorno maior porque os contratos são prefixados e mais rentáveis com juros cadentes. Do lado dos consumidores, prazos maiores de financiamento significam prestações menores, o que amplia a possibilidade de gastos e de endividamento.
O juro alto, que ainda atormenta as empresas, tem contribuído para o ingresso constante de dinheiro nos fundos de investimentos – processo intensificado principalmente nos últimos três meses com a valorização mais forte do Ibovespa.
Todo mundo guarda algum
Em setembro, até o dia 28, os fundos captaram R$ 1,8 bilhão acima dos resgates, informa o sócio-diretor do site Fortuna Marcelo D’Agosto.
– Desde abril, o fluxo é positivo. Quem tem muito dinheiro continua aplicando. Quem tem pouco está fazendo um esforço danado. Todo mundo tenta guardar algum – avisa.
O retorno médio dos fundos de investimentos em setembro, até 28, é de 1,75 por cento. O retorno médio dos fundos de renda fixa, de 1,27 por cento. Os fundos de ações estão na liderança dos ganhos, com cerca de 13 por cento no mesmo período e os fundos de privatização em Vale e Petrobras estão rendendo, em média, 21 e 18 por cento, respectivamente.
Preços aceleram
Outubro traz a primavera e um clima mais ameno, tendo a inflação como destaque na agenda econômica.
Quatro índices de setembro serão divulgados. A expectativa é de aceleração dos preços no atacado e no varejo, mas sem comprometer a convergência do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para a meta de 5,1% em 2005. A meta deve ser alcançada com folga, indicou o Banco Central (BC) no Relatório de Inflação do terceiro trimestre que também acena com projeção oficial abaixo da meta em 2006.
A forte deflação dos preços dos alimentos está diminuindo. O IPA agrícola ainda mostrou queda de 3,5 por cento no IGP-M de setembro. Em outubro, a Rosenberg & Associados espera deflação do IPA agrícola de 0,6 por cento.
Inércia favorável
A tendência dos preços agrícolas no atacado é transmitida muito rapidamente aos índices de preços ao consumidor. Portanto, os IPC’s serão cada vez menos favorecidos pela queda dos alimentos e nas próximas semanas estarão captando o reajuste dos combustíveis.
Débora Cristina Nogueira, especialista em preços da Rosenberg, faz um lembrete oportuno:
– Apesar da elevação de alguns preços, os índices não devem preocupar porque o componente inercial da inflação está cada vez menor.
Ela explica que a inflação do passado contamina a inflação corrente, sobretudo, quando há tendência de alta generalizada de preços.
– Quando só um item ou outro sobe, a a tendência geral é de baixa, a inércia é menor e esta é a situação atual – explica.
Trimestre atípico
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará a produção industrial brasilei