Público comemora desfile da Mangueira

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Publicado terça-feira, 4 de março de 2003 as 00:18, por: CdB

Campeã do ano passado, a Mangueira é forte candidata ao título de 2003. Segunda escola a desfilar nesta segunda-feira, a verde e rosa levantou o público da Marquês de Sapucaí revivendo o luxo dos carnavais de faraós, que foram marca registrada de desfiles passados. Luxuosa, cheia de efeitos especiais e com um samba impecável, a Mangueira foi beneficiada até mesmo com uma trégua no temporal que encharcou a avenida e acompanhou toda a passagem da Tradição, a primeira escola a se apresentar.

Carlinhos de Jesus, irreconhecível sob a maquiagem que o transformou em Moisés, mais uma vez encheu de criatividade a apresentação da escola. Do alto de uma montanha, cercado por um grupo de atores que encenou uma verdadeira peça teatral durante o desfile, ele chegou a “levitar” graças a um engenhoso mecanismo na alegoria, que escondeu a cadeirinha na qual ele se sentava para “pairar” sobre a avenida. Depois do “milagre”, ele exibia a tábua dos Dez Mandamentos, onde um efeito de fogo escrevia a palavra “paz”.

A comissão de frente por várias vezes descortinou para o público uma faixa onde se lia “Tia Zica, você está aqui”, uma homenagem à primeira dama da Mangueira, morta no fim de janeiro. D. Zica também foi homenageada com uma escultura sua no último carro da escola.

Jamelão, o eterno intérprete dos sambas enredo da escola, não teve dificuldades para fazer o público acompanhar o refrão “Quem plantar a paz, vai colher amor”, incluído no enredo “Os dez mandamentos – o samba da paz canta a saga de liberdade”, que caiu como uma luva para desejar tempos menos violentos para a cidade.

O carnavalesco Max Lopes, que chegou a temer pelos estragos que a chuva provocaria, comemorava o resultado ao fim do desfile. A Mangueira deixou a avenida sob os gritos de “É campeã”.

O grande homenageado não pôde comparecer, mas a Tradição se esforçou para contar na Sapucaí os campeonatos conquistados pelo futebol brasileiro com o enredo “O Brasil é penta, R é 9 – O Fenomeno Iluminado”. Principal estrela do penta campeonato, o atacante Ronaldinho não conseguiu ser liberado por seu time espanhol e foi representado por sua mãe, Dona Sônia, que fez um desfile emocionado no carro abre-alas da escola. Sob muitos aplausos do público, Dona Sônia terminou sua passagem no sambódromo com pressão alta e teve de ser medica no posto médico da dispersão.

A primeira escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial entrou na avenida debaixo de um temporal. Mas, nem a ausência de Ronaldindo ou a chuva abateram o presidente da Tradição, Nézio Nascimento. “infelizmente ele não pode vir, mas a escola veio muito bem”, disse. As baianas vestidas com a bandeira do Brasil foram alguns dos pontos altos do desfile, que também homenagou o torcedor no último carro.

A escola, que entrou 18 minutos atrasada, precisou correr no final do desfile para cumprir o tempo regulamentar, o que atrapalhou sua evolução a partir do setor 5 da avenida. Chuvas – A chuva começou cerca de uma hora antes do início do desfile da Tradição, que, com isso, entrou na avenida treze minutos depois do horário previsto. A pista chegou a ficar alagada em alguns pontos, mas garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) agiram rapidamente e desentumpiram os bueiros do Sambódromo.

Mais uma vez, o prefeito César Maia (PFL) criticou o serviço de meteorologia, que, segundo ele, não havia previsto o temporal. “Como os meteorologistas costumam errar, estávamos preparados para tudo”, disse o prefeito, que já ameaçou processar meteorologistas por errar na previsão. Mesmo com a chuva, os espectadores não desanimaram.

Alguns vestiram capas de chuva – que, no entorno da Passarela do Samba, era vendida a R$ 10 – e continuaram nas arquibancadas. O temporal passou cerca de vinte minutos depois de a Tradição iniciar os desfiles.