Um PT renovado que sairá das eleições internas, com novo presidente e Diretório Nacional, indica um programa de governo mais ousado a ser proposto em uma eventual candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta terça-feira o presidente do partido, Tarso Genro.
– Esse preparo aponta para um programa para o próximo período que seja calcado naquilo que construímos até agora, um programa mais ousado de mudanças para o país – disse Tarso a jornalistas na sede do PT em São Paulo.
O adversário no segundo turno do secretário-geral, deputado Ricardo Berzoini, candidato do Campo Majoritário, continua indefinido.
De um total de 271 mil votos válidos, Berzoini lidera com folga, com 107.148 votos ou 42,4 por cento do total. Segundo o boletim oficial do partido, caso a tendência seja mantida, 295 mil filiados terão comparecido às urnas, o que representaria um comparecimento médio de 40 por cento dos militantes.
Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, mantém o segundo lugar, com 15,4% (39.338 votos), mas agora tendo o deputado estadual gaúcho Raul Pont, da Demoracia Socialista, logo atrás, com 14,5% (36.866).
Outros candidatos têm chances menores de estar no segundo turno, segundo as projeções. Plínio de Arruda Sampaio, apoiado pela Ação Popular Socialista, tem 13% dos votos, a maioria deles concentrado no Estado de São Paulo, onde 95% das urnas já haviam sido apuradas. A deputada federal Maria do Rosário, do centrista Movimento PT, aparece com 12,6%, mas espera avançar após as apurações em Minas Gerais. No Estado, apenas 57,6% dos votos haviam sido totalizados até às 18h30m desta terça-feira.
Markus Sokol, da tendência O Trabalho, tem 1,4%, e Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, de Movimentos Populares, tem 0,7%. Os três primeiros colocados confirmam as expectativas de petistas divulgadas antes da eleição realizada no domingo. A realização do segundo turno, marcado para 9 de outubro, também estava prevista.
Independência
Tarso Genro, mostrou entusiasmo com o comparecimento dos militantes e com os resultados das eleições, nas quais os filiados buscaram uma alternativa ao Campo Majoritário, que domina o partido há dez anos e tem no deputado José Dirceu seu maior expoente.
– Significa um avanço para o partido. Qualquer que seja o presidente, ele vai ter que governar com um diretório mais plural… Este presidente não terá um sistema de apoio fechado formal como os anteriores. Será um presidente de maior capacidade de diálogo e seguramente terá uma posição mais independente- disse Tarso.
Para o 2º vice-presidente do partido, Romênio Pereira, coordenador da campanha de Maria do Rosário, “os militantes mostraram que querem mudança e querem que o presidente do partido reflita o desejo deles, que criticam a política econômica, por exemplo”.
Dez chapas
Na eleição, os filiados também escolheram as chapas que vão dirigir a legenda. Um total de dez concorreram. Duas delas apoiaram Berzoini: Construindo o Novo Brasil obteve 43,6% dos votos, liderando as escolhas, e O Brasil Agarra Você recebeu 0,7%. Pomar teve o apoio de A Esperança é Vermelha (11,5%) e Socialismo e Democracia (6,4%). As chapas de Pont são Coragem de Mudar (11,6%) e O Partido que Muda o Brasil (2,7%). A Esperança Militante, de Plínio, obteve 9,1%; Movimento PT (Maria do Rosário), 10,9%; Terra, Trabalho e Soberania (Sokol), 2%; e Movimento Popular (Gegê), 1,6%.
Foram apurados 250.672 votos para as chapas, sendo 225.516 válidos.