PT: esquerda defende saída de dirigentes

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Publicado segunda-feira, 4 de julho de 2005 as 20:10, por: CdB

As principais tendências de esquerda do PT defendem a saída do tesoureiro Delúbio Soares da direção da sigla. O secretário-geral Silvio Pereira já pediu seu afastamento nesta segunda-feira.

O presidente José Genoino poderá ser poupado, mas cobra-se dele explicações sobre as ligações da sigla com o publicitário Marcos Valério de Souza, acusado de ser operador do partido em suposta compra de votos.

– Com a saída de Delúbio e Silvio Pereira, a gente recompõe a direção para ter dirigentes que efetivamente dirijam o partido e que fiquem livres de responder à CPI, cuidem de sua defesa – disse à Reuters Raul Pont, da tendência Democracia Socialista, um dos candidatos à presidência do partido nas eleições marcadas para setembro.

Em relação ao presidente do partido, Pont disse que é preciso ouvir suas posições sobre a recente revelação de que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza foi avalista, junto com Genoino e Delúbio, de empréstimo de 2,4 milhões de reais feito pelo partido.

Quanto à saída de Silvio Pereira, Pont disse que ela sinaliza para outro tipo de comportamento do Diretório Nacional. Na última reunião, realizada em 18 de junho também para tratar das denúncias contra o partido, o diretório, majoritariamente governista, manteve os envolvidos e não houve sequer pedidos de licença.

SAÍDA DE TODOS

Já Plinio de Arruda Sampaio, que é de esquerda mas não se filia a tendências, defendeu a saída dos três dirigentes.

– A Executiva inteira deveria renunciar – disse Plinio. Ele também é candidato à presidência do partido – O fato é político e politicamente esta direção perdeu as condições – defendeu o petista histórico. Ele prevê a nomeação de uma comissão executiva provisória até a realização das eleições, cuja antecipação também defende.

Caberia à direção provisória cuidar da defesa do partido, mantendo o apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na sede do PT, Valter Pomar, atual terceiro vice-presidente do PT e representante da tendência Articulação de Esquerda, também defendeu as mudanças na sigla, mas não indicou nomes.

– É evidente que a gente precisa recompor a Executiva Nacional – disse, limitando-se a defender a “saída de dirigentes”. Pomar também é candidato a presidir a sigla.

A esquerda petista está mobilizada para o encontro da Executiva marcado para terça-feira e para a reunião do Diretório Nacional no sábado. As duas instâncias, que têm maioria governista, vão selar o destino dos três dirigentes.