Província do Paquistão adota lei islâmica sharia

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Publicado terça-feira, 3 de junho de 2003 as 09:15, por: CdB

Deputados da fronteira do Noroeste do Paquistão – que faz fronteira com o Paquistão – aprovaram uma lei introduz a adoção da lei islâmica sharia.

É a primeira vez que o código canônico, inteiramente baseado nos ensinamentos do Corão, é colocado em prática na história do Paquistão.

A medida legal faz com que a sharia prevaleça sobre a lei secular em vigor na província e estipula que todo muçulmano da região deve segui-la.

Alguns temem uma repetição da milícia islâmica Talebã, que governou o Afeganistão e fez com que mulheres abandonassem escolas e empregos e voltassem para suas casas.

Os que apoiam a medida, no entanto, dizem que estão apenas tentando coibir a obscenidade e proteger a dignidade humana.

A medida foi aprovada com unanimidade por membros da Assembléia local, que é dominada por políticos islâmicos de linha-dura.

Os partidos de oposição ainda tentaram vetar alguns itens da medida, entre eles os que faziam menção aos direitos das mulheres, mas acabaram retirando suas emendas.

A lei ainda depende da aprovação do governador da província, mas, segundo analistas, a assinatura é uma mera formalidade.

A criação ainda de um Departamento do Vício e da Virtude criou preocupações entre aqueles que lembram da adoção de medidas draconianas e sumárias postas em prática no Afeganistão.

Deputados fundamentalistas vêm reprimindo atividades que eles consideram anti-islâmicas desde que chegaram ao poder, em outubro de 2002.

Diversos cinemas já foram fechados na província e músicos vêm se queixando de estarem sendo importunados.

Muitos na fronteira do Noroeste do Paquistão possuem fortes laços ideológicos com o Talebã.

A lei federal do Paquistão tem pouca influência na região, que é mais conservadora do que outras partes do país.

A medida deve causar desconforto para o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, que apoiou os Estados Unidos na guerra contra o Afeganistão.

Acredita-se que muitos ex-militantes do Talebã estariam refugiados em áreas remotas do Paquistão, com o consentimento de autoridades locais.

Mas o governo de Musharraf vem defendendo que os serviços de inteligência do país estão colaborando com a chamada guerra ao terror, lançada pelos Estados Unidos.