Deputados da fronteira do Noroeste do Paquistão – que faz fronteira com o Paquistão – aprovaram uma lei introduz a adoção da lei islâmica sharia.
É a primeira vez que o código canônico, inteiramente baseado nos ensinamentos do Corão, é colocado em prática na história do Paquistão.
A medida legal faz com que a sharia prevaleça sobre a lei secular em vigor na província e estipula que todo muçulmano da região deve segui-la.
Alguns temem uma repetição da milícia islâmica Talebã, que governou o Afeganistão e fez com que mulheres abandonassem escolas e empregos e voltassem para suas casas.
Os que apoiam a medida, no entanto, dizem que estão apenas tentando coibir a obscenidade e proteger a dignidade humana.
A medida foi aprovada com unanimidade por membros da Assembléia local, que é dominada por políticos islâmicos de linha-dura.
Os partidos de oposição ainda tentaram vetar alguns itens da medida, entre eles os que faziam menção aos direitos das mulheres, mas acabaram retirando suas emendas.
A lei ainda depende da aprovação do governador da província, mas, segundo analistas, a assinatura é uma mera formalidade.
A criação ainda de um Departamento do Vício e da Virtude criou preocupações entre aqueles que lembram da adoção de medidas draconianas e sumárias postas em prática no Afeganistão.
Deputados fundamentalistas vêm reprimindo atividades que eles consideram anti-islâmicas desde que chegaram ao poder, em outubro de 2002.
Diversos cinemas já foram fechados na província e músicos vêm se queixando de estarem sendo importunados.
Muitos na fronteira do Noroeste do Paquistão possuem fortes laços ideológicos com o Talebã.
A lei federal do Paquistão tem pouca influência na região, que é mais conservadora do que outras partes do país.
A medida deve causar desconforto para o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, que apoiou os Estados Unidos na guerra contra o Afeganistão.
Acredita-se que muitos ex-militantes do Talebã estariam refugiados em áreas remotas do Paquistão, com o consentimento de autoridades locais.
Mas o governo de Musharraf vem defendendo que os serviços de inteligência do país estão colaborando com a chamada guerra ao terror, lançada pelos Estados Unidos.