Protesto de sem-teto interdita via Dutra

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Publicado segunda-feira, 10 de janeiro de 2005 as 17:29, por: CdB

Um protesto do Movimento Urbano Sem-Teto de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, paralisou a via Dutra na manhã dessa segunda-feira, no trecho do quilômetro 153. No sentido Rio-São Paulo a rodovia foi interditada por duas vezes e o trânsito teve que ser interrompido por cerca de vinte minutos, causando quatro quilômetros de congestionamento. A pista no sentido contrário também teve problemas e chegou a ter um quilômetro de congestionamento por causa da curiosidade dos motoristas.

Centenas de moradores do acampamento Pinheirinho, invadido há um ano em São José dos Campos, a 90 quilômetros da capital, foram para a rodovia pedir mais atenção das autoridades.

– Estamos há quase um ano nesta situação e vamos reagir a qualquer ação da Polícia Militar – informou um dos coordenadores do movimento, Valdir Martins, numa referência à decisão da Justiça, que determinou que o grupo deixe a área voluntariamente até o dia 15 de janeiro.

Por volta das 7 horas da manhã o grupo, com mulheres e crianças, deixou a área informando que iria até a casa do prefeito Eduardo Cury (PSDB) pedir ajuda para que a Justiça não os retirasse de lá. Os manifestantes levavam faixas de apelo ao atual secretário de Estado da habitação, Emanuel Fernandes e ao prefeito. No caminho, mudaram o destino e seguiram até a via Dutra, onde a Polícia Rodoviária Federal foi surpreendida.

O trânsito foi paralisado por duas vezes. A Polícia Militar reforçou a segurança e os manifestantes acabaram aceitando liberar a estrada.

– Fizemos um acordo e vamos cumprir se eles também deixarem a área – afirmou o coronel da PM, Cláudio Longo.

Na última sexta-feira (07) representantes do movimento estiveram em Brasília (DF) para pedir a ajuda de senadores, do presidente da Câmara, João Paulo Cunha e de assessores do governo federal.

– Fomos informar a eles que está para acontecer uma tragédia em São José. Pedimos a intervenção federal antes que um massacre ocorra – afirmou Martins.

Na área do Pinheirinho moram atualmente sete mil pessoas em barracos construídos irregularmente. O local pertence à massa falida da empresa Selecta Industria e Comércio e, segundo o movimento, foi avaliada em cerca de R$5 milhões.

– Os proprietários devem mais de cinco milhões e meio de reais em impostos municipais, então sugerimos que a prefeitura desaproprie o terreno para moradias populares.