Nos próximos três anos, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) vai financiar alguns projetos do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil que está sendo formulado pelo governo. A declaração é do coordenador do Projeto de Trabalho Infantil Doméstico da OIT, Renato Mendes.
Há um ano, a Organização, junto com os governos federal e estaduais, conseguiu retirar 500 mil crianças do trabalho doméstico no Pará, Pernambuco e Minas Gerais. A maioria delas negra. De acordo com Renato Mendes, a idéia é implantar o projeto piloto em outros Estados.
Segundo Renato Mendes, apesar do país estar desenvolvendo e executando ações contra a exploração da mão-de-obra infantil, elas são insuficientes.
– O número de crianças trabalhando no país é muito alto, mais de 5 milhões – enfatizou. Ele disse ainda que valores da nossa cultura são outros fatores que dificultam o combate ao trabalho infantil.
– Na nossa sociedade, acredita-se que o trabalho é que dignifica o homem. No entanto, a população tem de entender que o trabalho não é a única forma de socializar uma criança, e que muitas atividades prejudicam seu crescimento – lembrou Renato Mendes.
A campanha de combate ao trabalho infantil lançada, nesta quinta-feira, pela OIT, em comemoração ao Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, tem como principal tema a prevenção e repressão de uma das piores formas de trabalho para menores de idade: o tráfico de crianças.
Estima-se que todo ano mais de 1 milhão de meninos e garotas são traficados para serem submetidos a atividades no campo, mineração, indústria, conflitos armados e prostituição.
– Nosso objetivo é conclamar a sociedade a denunciar o tráfico de crianças, que é uma das atividades mais penosas para elas – revelou Renato Mendes.
De acordo com ele, a maioria das crianças brasileiras exerce atividades domésticas ou no campo, em carvoarias, olarias, plantações de cana e outros. Desde 1992, a OIT atua contra a exploração de jovens no país.