Iniciado em 2012 com o objetivo de tornar as pessoas mais conscientes de seus próprios corpos e do seu lugar no mundo, o projeto Manguinhos em Cena, realizado na Biblioteca Parque do Governo do Estado, começa 2014 com novidades. A iniciativa, que antes só contava com a participação de adultos, abre aulas de iniciação teatral também para crianças e adolescentes das comunidades do entorno da instituição.
Idealizado e coordenado pela Companhia do Gesto e pela Zucca Produções, o projeto é um dos laboratórios do PalavraLab das Bibliotecas Parque estaduais e integra o Programa Favela Criativa. O diretor da Companhia do Gesto, Luís Igreja, disse que a ideia do curso para crianças e adolescentes nasceu durante as apresentações do espetáculo “Sintonia Suburbana”.
– O Manguinhos em Cena é um projeto de formação e continuidade. Em seu primeiro ano, os integrantes selecionados por entrevistas e audições participaram de oficinas de formação teatral, artística e cultural dentro da biblioteca, que culminaram com a criação do espetáculo ‘Sintonia Suburbana’ — construído de forma colaborativa entre alunos – explicou.
Segundo Igreja, o próximo passo será o aprofundamento do trabalho realizado até agora.
– Queremos descobrir a função específica de cada integrante e criar um grupo com capacidade de direção própria – disse o diretor da companhia.
O grupo cênico residente já está fechado. São 15 integrantes que se mantiveram no projeto desde o início, mais os 12 novos participantes que foram escolhidos por meio de uma aula teste, no fim de 2013. Já para as novas oficinas, as inscrições estão abertas até o próximo dia 25 de abril e podem ser feitas na própria biblioteca.
– Os membros do grupo cênico vão participar como monitores das oficinas, desta forma estarão aprendendo uma nova função e preparando pessoas que futuramente darão continuidade à companhia. A ideia é que o Manguinhos em Cena cresça e faça intercâmbio com grupos de comunidades vizinhas – contou Luís.
Cada participante exerce várias funções no processo artístico, como cuidar de todos os aspectos e áreas técnicas de um espetáculo, da criação e da montagem dos cenários, passando pela composição da trilha sonora, pela construção da dramaturgia, dos figurinos e até cuidar do camarim e montar o som.
– Este projeto é muito bem-sucedido. O trabalho desenvolvido aqui é muito completo. Estive com eles em um primeiro momento, onde realizamos algumas oficinas, e agora estou de volta como professora, é fácil perceber o quanto avançaram como profissionais, estão mais maduros e conscientes do seu papel no grupo e na sociedade – afirmou a professora de Melodrama, Ana Luisa Cardozo.
Para a atriz Sandra Cipriano, de 34 anos, a pacificação da comunidade foi fundamental para o desenvolvimento do projeto cultural.
– Antes da UPP, deixávamos de vir à aula com medo da criminalidade. Agora, o acesso é tranquilo. Estamos seguros para continuar crescendo no nosso teatro – revelou a atriz.