Professor processa livraria e cliente por intolerância religiosa

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Publicado quarta-feira, 7 de dezembro de 2016 as 11:35, por: CdB

Em viagem a trabalho na capital Fluminense, o professor baiano lamentou ter sido vítima desse tipo de crime em uma cidade que considera a “mais linda do mundo

Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro:

O professor de sociologia do Instituto Federal de Educação da Bahia Leonardo Rangel processou a Livraria Vozes, no Rio de Janeiro, e uma cliente do estabelecimento por intolerância religiosa que sofreu dentro da livraria, na Rua Gonçalves Dias, no Centro, na semana passada.

O professor de sociologia do Instituto Federal de Educação da Bahia Leonardo Rangel processou a Livraria Vozes, no Rio de Janeiro
O professor de sociologia do Instituto Federal de Educação da Bahia Leonardo Rangel processou a Livraria Vozes, no Rio de Janeiro

Em viagem a trabalho na capital Fluminense, o professor baiano lamentou ter sido vítima desse tipo de crime em uma cidade que considera a “mais linda do mundo. Com pessoas hospitaleiras e acolhedoras”. Rangel contou que estava na livraria quando uma senhora começou a agredi-lo ao descobrir que era candomblecista. 

– Quando viu minha conta de Ogum no pescoço, ela disse cruz-credo e saiu de perto de mim. Mas continuou falando por uns 10 minutos que esta religião não prestava, que era coisa do diabo – contou ele.

Nunca tinha sofrido esse tipo de preconceito. Mas fiquei quieto esperando para pagar o meu livro. Finalmente, ela disse que gente como eu deveria ser proibida de entrar na loja. Vá no lugar onde eles ficam para ver como será tratada”, narrou a vítima. 

O professor informou à senhora que intolerância religiosa é crime. “Ela debochou dizendo que estava morrendo de medo e até tremendo”. 

Agressões

Na ocasião, Leonardo Rangel  ressaltou que os funcionários pareciam conhecer a cliente, que os tratava com intimidade, e que em nenhum momento ela foi interpelada por alguém da livraria para que cessasse com as agressões. 

A decisão de denunciar o crime às autoridades não foi fácil, contou. “No dia fiquei sem reação. Só fiz o boletim de ocorrência no dia seguinte. Sou tímido, resguardado, mas não poderia me calar”, disse. 

No último sábado, ele procurou o advogado Hélio Silva, especialista neste tipo de crime. Hélio Silva solicitou judicialmente que a agressora seja responsabilizada na área penal. E que a Livraria Vozes seja cobrada administrativamente, com pedido de cassação do alvará de funcionamento. Com base na Lei Estadual 6.483/13, e na área cível, com pedido de indenização por danos morais. A Polícia vai tentar identificar a cliente acusada de agressão pelas câmeras de segurança da livraria.

Leonardo espera que seu ato sirva de exemplo para outras vítimas e que as denúncias ajudem a inibir este tipo de crime. “A intolerância tem crescido muito. Inclusive, contra as religiões de matriz afro-brasileira.

– Se me calasse, estaria compactuando com isso. Estou fazendo minha função social enquanto educador, enquanto adepto do candomblé. Espero que a justiça seja feita para que os culpados arquem com as consequências do crime que cometeram – completou.

A assessoria de imprensa da Editora Vozes lamentou que o caso tenha ocorrido em loja da empresa. Informou que tomará as devidas providências. “Reforçamos que o nosso trabalho vem sendo pautado pelos propósitos e valores expressos em nossa missão. Todos os nossos produtos e serviços estão coerentes com a mesma”, diz a nota de posicionamento da Vozes.