Produção industrial brasileira cai e interrompe 2 meses de alta

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Publicado terça-feira, 4 de novembro de 2014 as 17:09, por: CdB
produção industrial
Segundo o IBGE, apenas sete dos 24 ramos da produção mostraram queda em setembro sobre agosto

A produção industrial brasileira voltou a recuar em setembro, após marcar dois meses seguidos de expansão, afetada pelo segmento de bens intermediários em mais um sinal de que a economia brasileira ainda patina e não mostra recuperação consistente.

A produção caiu 0,2% em setembro frente a agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, num resultado pior do que o esperado. Na comparação com setembro de 2013, a produção recuou 2,1%.

A expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters era de que a produção industrial subiria 0,20%em setembro na comparação mensal e recuasse 1,50% na anual. 

Com isso, a produção industrial encerrou o terceiro trimestre com queda de 0,2% sobre o segundo trimestre que, por sua vez, havia encolhido 1,9% sobre o período anterior.

“No terceiro trimestre houve uma melhora de ritmo especialmente após as perdas anteriores, mas isso é insuficiente para uma reação”, afirmou o economista do IBGE André Macedo, acrescentando que houve 5 dias úteis a mais no trimestre passado na comparação com abril a junho. “Isso pode ter tido algum tipo de contribuição no resultado e de melhora na produção industrial”.

O grupo Bens Intermediários foi o único a mostrar contração em setembro sobre agosto, de 1,6%, o suficiente para levar o indicador todo ao vermelho. Na comparação anual, os bens intermediários tiveram queda de 1,7%.

As demais grandes categorias mostraram expansão na comparação mensal, com destaque para Bens de capital (1,9%) e bens de consumo duráveis (8%).

Segundo o IBGE, apenas sete dos 24 ramos da produção mostraram queda em setembro sobre agosto, com destaque para produtos alimentícios (-4,1%) e setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3%).

As perspectivas para o setor para o quarto trimestre já se mostram negativas. De acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), a contração da atividade industrial se acentuou em outubro, marcando um início do quarto trimestre difícil.

Neste cenário, os agentes econômicos querem mais sinais de como a política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff será desenhada.

Já foi anunciado que novas medidas de estímulos à indústria virão, num setor cuja confiança registrou primeiro resultado positivo do ano em outubro devido à melhora das expectativas, mas ainda insuficiente para mostrar que está havendo recuperação mais consistente.

– A situação atual da indústria permanece frágil. O resultado interanual continua indicando contração, sendo que o dado de agosto foi revisto de uma queda de 5,4% para 5,5% – escreveu em nota o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.

– Não há qualquer sinalização clara de reversão desta situação. Pesa também o início de um novo ciclo de alta dos juros iniciado pelo Copom na reunião da semana passada. As perspectivas para a já fraca atividade no país não são animadoras – acrescentou.

A indústria é um dos principais fatores para o fraco desempenho da economia como um todo. Pesquisa Focus do Banco Central com economistas mostra que a projeção é de contração de 2,17% da indústria neste ano e crescimento de 1,42% em 2015.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), as contas são de crescimento de 0,24% e 1%, respectivamente.