Presidentes latino-americanos querem ampliar a integração do continente

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Publicado sábado, 27 de julho de 2002 as 13:18, por: CdB

Os dez presidentes sul-americanos encerram neste sábado o encontro de Guayaquil com uma certeza: a crise econômica que assola a região pode impulsionar ainda mais a idéia de integração regional. Para eles, a resolução conjunta dos problemas deve se transformar em oportunidade de ingresso em novos mercados e numa relação mais equilibrada com os países industrializados.

“Necessitamos pensar juntos. Não será fácil sustentarmos a governabilidade e a democracia se não fortalecermos a saúde das nossas economias”, afirmou o presidente do Peru, Alejandro Toledo.

“A governabilidade é difícil e o povo está protestando nas ruas com razão.”

Países desenvolvidos

O presidente do Equador, Gustavo Noboa, garantiu que o momento é perfeito para concretizar projetos de integração física, política e econômica da América do Sul.

Segundo Noboa, a integração é indispensável para vencer a resistência dos países desenvolvidos a derrubar suas barreiras comerciais.

“É a única resposta a curto prazo, diante da globalização, na qual o protecionismo está pesando mais do que havíamos imaginado”, salientou Noboa.

Fernando Henrique Cardoso também adotou o discurso de que integrar é o melhor remédio para vencer a crise.

Já o venezuelano Hugo Chávez disse que o Sul precisa estar unido e coeso antes de partir para uma aliança mais ampla com os países da América do Norte.

“O libertador Simon Bolívar dizia que precisávamos formar um único grupo político das nações do Sul para termos força política, econômica e militar”, lembrou Chávez.

“Ele disse algo profético: é preciso estar unido para negociar em condições de igualdade, em paz e em guerra.”

Consenso de Guayaquil

No documento denominado Consenso de Guayaquil sobre Integração, Segurança e Infra-estrutura para o Desenvolvimento – que será apresentado neste sábado durante o encerramento do 2º Encontro de Presidentes da América do Sul – os governantes vão apresentar projetos de integração nas áreas de transporte, energia e telecomunicações.

Entre essas propostas, está previsto o início de obras viárias, ferroviárias e pluviais, ligando o Brasil, a Colômbia, o Peru e o Equador, permitindo unir o continente de norte ao sul e de leste a oeste. A ligação viária entre a Venezuela e a Argentina também estaria contemplada.

Em outro documento, os dez líderes vão declarar a América do Sul uma zona de paz e de combate ao terrorismo e ao narcotráfico. Eles também devem assinar várias delarações relacionadas ao meio ambiente e à seguranca.

O documento destaca prioridades em matéria de direitos humanos para a região, como os direitos dos povos indígenas e das comunidades negras, e destaca a necessidade de proteção especial a criancas, mulheres, idosos e minorias sexuais, entre outros grupos.