O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal, disse nesta sexta-feira que ficar debatendo fatos ocorridos durante o período da ditadura militar não ajuda em nada o país. Para ele, a questão foi superada com a Lei da Anistia.
– A anistia se fez. A anistia apaga. A anistia é o esquecimento. Não ajuda o país remexer nessas fissuras, tentar ferir nessas feridas já cicatrizadas – afirmou o ministro, após participar de cerimônia em homenagem ao Dia do Aviador, que será comemorado nesta sábado, na Base Aérea.
O país “tem que olhar para a frente”, disse o presidente do STJ.
– E eu agora me pergunto: e daí? E tenho uma porção de coisas grandes para conquistar e não posso ficar aí parado – ressaltou Vidigal, citando palavras do cantor Raul Seixas.
Quanto ao caso das fotos publicadas no domingo, dia 17, pelo Correio Braziliense, que mostrariam o jornalista Vladimir Herzog em situação humilhante na prisão, Vidigal disse que considera esclarecida morte do jornalista.
– Já foi um caso encerrado. A União Federal, ou seja, o governo que, independentemente quem esteja no comando ou na presidência, é a mesma instituição, foi condenada pela Justiça. Então, nesse caso, sim, foi esclarecido que a morte ocorreu nas dependências (do Doi-Codi) quando o acusado, o preso (Herzog), estava sob a responsabilidade da União Federal – afirmou o presidente do STJ.
Na última quinta-feira o secretário especial dos Direitos Humanos, ministro Nilmário Miranda, divulgou nota em que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) comunica que as fotos divulgadas pelo jornal não são do jornalista Vladimir Herzog.
Vladimir Herzog foi encontrado morto nas dependências do Doi-Codi, em São Paulo, em outubro de 1975. A família do jornalista entrou com ação contra a União, em 1978, e saiu vitoriosa. A Justiça responsabilizou o Estado pela tortura e morte de Herzog.