Presidente do BC levanta bandeira branca, mas o Planalto ainda duvida

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Publicado terça-feira, 14 de fevereiro de 2023 as 14:40, por: CdB

As declarações ocorrem apenas um dia depois da participação de Campos Neto no programa Roda Viva, da TV Cultura, em meio a uma série de ataques do governo à atual política monetária. Durante a entrevista, Campos Neto se disse favorável à atuação do BC e criticou uma possível mudança da meta de inflação.

Por Redação – de Brasília

Presidente do Banco Central (BC), o economista Roberto Campos Neto saiu em defesa, nesta terça, da tese de que é preciso ter boa vontade com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e elogiou a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Presidente do Banco Central, Campos Neto também preside o Conselho de Política Monetária (Copom), que regula a taxa de juros oficial do país (Selic)
Presidente do Banco Central, Campos Neto também preside o Conselho de Política Monetária (Copom), que regula a taxa de juros oficial do país (Selic)

— O investidor é muito apressado, muito afoito. A gente tem que ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Tem uma boa vontade enorme do ministro Fernando Haddad de falar, ‘olha, nós temos um princípio de seguir um plano fiscal com disciplina’. Tem um arcabouço que está sendo trabalhado, já foram elaborados alguns objetivos — disse Campos Neto durante reunião promovida pelo banco BTG Pactual, nesta manhã.

Flexibilidade

As declarações ocorrem apenas um dia depois da participação de Campos Neto no programa Roda Viva, da TV Cultura, em meio a uma série de ataques do governo à atual política monetária.

Durante a entrevista, Campos Neto se disse favorável à atuação do BC e criticou uma possível mudança da meta de inflação — como vem sendo discutido no Palácio do Planalto —, mas garantiu que fará de tudo ao seu alcance para aproximar o BC do governo. Ele também ressaltou o esforço fiscal de Haddad.

— Se a gente fizer uma mudança agora, sem um ambiente de tranquilidade e um ambiente onde a gente está atingindo a meta com facilidade, o que vai acontecer é que você vai ter um efeito contrário ao desejado. Ao invés de ganhar flexibilidade, você pode terminar perdendo flexibilidade — afirmou, na entrevista.

Bolsonarista

A expectativa sobre uma mudança nas metas de inflação foi gerada por uma entrevista de Lula, que considerou exagerados os patamares atuais e defendeu 4,5%, o mesmo nível fixado em seus dois primeiros mandatos. Campos Neto tem sido alvo de uma série de ataques de Lula, que chamou os juros de “vergonha”, a autonomia do BC de “bobagem” e se referiu ao presidente do BC como “esse cidadão”.

As críticas do governo a Campos Neto se acentuaram depois de uma imagem captada pela fotógrafa da Folha Gabriela Biló, em 10 de janeiro, mostrando que ele ainda era integrante de um grupo de WhatsApp chamado “ministros Bolsonaro”. Depois que a imagem da tela de celular do senador Ciro Nogueira (ex-Casa Civil) foi a público, Campos Neto deixou o grupo.

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