Presidente do BC calcula que haverá outros dois, três meses de deflação

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Publicado terça-feira, 23 de agosto de 2022 as 17:14, por: CdB

A projeção de inflação no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) para 2022 situava-se em 6,8%. A pesquisa Focus divulgada pelo BC, na véspera, mostra que o mercado financeiro reduziu a expectativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano para 6,82%, ante 7,02% na semana anterior.

Por Redação, com agências internacionais – de Santiago

O Brasil terá dois ou três meses de queda de preços e a inflação encerrará 2022 perto de 6,5%, talvez um pouco abaixo disso, calculou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, nesta terça-feira.

Presidente do Banco Central, Campos Neto também preside o Conselho de Política Monetária (Copom), que regula a taxa de juros oficial do país (Selic)
Presidente do Banco Central, Campos Neto também preside o Conselho de Política Monetária (Copom), que regula a taxa de juros oficial do país (Selic)

— Quando olhamos para o Brasil, (vemos) um processo inflacionário alto. Neste ano, a inflação ficará por volta de 6,5%, talvez um pouco menor. Não estamos comemorando isso muito intensamente, nós pensamos que ainda há um grande trabalho a ser feito — afirmou Campos Neto em um seminário sobre investimentos, na capital chilena.

A projeção de inflação no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) para 2022 situava-se em 6,8%. A pesquisa Focus divulgada pelo BC, na véspera, mostra que o mercado financeiro reduziu a expectativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano para 6,82%, ante 7,02% na semana anterior.

Combustíveis

De acordo com o presidente do BC, parte da redução da inflação se deve às medidas implementadas pelo governo. Em junho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei que definiu o teto de 17% ou 18% para a cobrança de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, transporte e telecomunicações.

A mudança é parte da ofensiva do Palácio do Planalto para reduzir os preços dos combustíveis e frear a inflação às vésperas das eleições. Segundo o último Datafolha, de agosto, Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

— Quando olhamos para o processo de inflação, esperamos dois ou três meses de deflação. Tivemos deflação no último mês, provavelmente teremos outra deflação neste mês. Novamente, muito impactado pelo preço da energia e das medidas — acrescentou Campos Neto.

Inflação

Com o impacto da redução das alíquotas de ICMS sobre os preços de combustíveis e energia elétrica, o Brasil teve deflação (queda de preços) de 0,68% em julho, de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda ficou concentrada em dois grupos de produtos e serviços pesquisados: transportes (-4,51%) e habitação (-1,05%). Entre as altas, o destaque veio de alimentação e bebidas (1,30%).

O presidente do BC disse ver a inflação de serviços ainda subindo, apesar de observar “alguma melhora” no índice de difusão.

Mesmo com a queda mensal, o IPCA continua em dois dígitos no acumulado de 12 meses. Até julho, a alta ficou em 10,07%. O índice se mantém muito acima da meta de inflação perseguida pelo BC neste ano –3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A autoridade monetária já havia admitido o estouro do teto (5%) pelo segundo ano consecutivo.

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