Preço do petróleo continuará volátil, diz presidente da PDVSA

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Publicado sábado, 26 de abril de 2003 as 11:30, por: CdB

A volatilidade de preços deve permanecer como tônica do mercado internacional de petróleo no curto prazo. A avaliação é de Alí Rodríguez, presidente da PDVSA (estatal de petróleo da Venezuela, quarto maior produtor mundial da commodity) e ex-dirigente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

– A tendência é que o petróleo continue a apresentar preços instáveis -, disse Rodríguez na noite da última sexta-feira (25), depois de participar na capital pernambucana de um encontro entre empresários brasileiros e venezuelanos.

Nesta semana, marcada pela reunião de líderes da Opep na última quarta-feira (23), as cotações do óleo tiveram oscilações expressivas em suas praças de referência.

Em Nova York, o barril superou a marca de 31 dólares na última segunda-feira (21), dia em que Londres não operou devido a um feriado. Na última sexta-feira (25), o contrato nova-iorquino mais negociado, o de junho, encerrou o pregão a 26,26 dólares, enquanto o petróleo tipo Brent, também com vencimento em junho e referencial do segmento, terminou a 24,09 dólares.

Os preços caíram após a decisão da Opep de elevar as cotas formais de produção e de cortar menos que o previsto pelo mercado da quantidade de petróleo extra que passou a produzir para evitar um choque durante a guerra no Iraque.

Para Rodríguez, o cartel terá condições de avaliar com mais clareza o cenário mundial no encontro extraordinário previsto para junho.

– A atual conjuntura apresenta três fatores determinantes para o vaivém de preços -, afirmou.

Inicialmente, citou ele, há sobreoferta de petróleo, já que os produtores mundiais vinham atuando desde o início do ano com plena capacidade para compensar a queda nas cotas de extração devido a problemas na Venezuela (paralisada por greve dos funcionários da PDVSA), Nigéria e Iraque.

Além disso, o segundo trimestre registra “sazonalmente” uma redução no consumo de petróleo mundial, o que poderia “neutralizar” o primeiro fator.

– O último aspecto remete à atuação dos especuladores no mercado futuro. A aposta recai sobre o quão estável será, ou não, esse novo governo iraquiano – declarou Rodríguez, acrescentando que a incerteza quanto aos rumos no Iraque pode servir como motivação controversa.

Na visão dele, o mercado petrolífero também seguirá atento a efeitos na geopolítica do Oriente Médio depois da ação bélica dos Estados Unidos no Iraque.

RUMOS DA PDVSA

Rodríguez informou que, após a paralisação das atividades na PDVSA no início do ano, houve uma redução de 17 mil funcionários no quadro da companhia. Antes do corte, havia em torno de 40 mil empregados.

– Tivemos que demiti-los, não havia outra opção. Eram reincidentes em greves e pretendiam um golpe de Estado -, declarou ao ser enfático que as demissões ocorreram amparadas pela Constituição do país.

Segundo o executivo, não está prevista qualquer reposição de funcionários já que a empresa vem conseguindo manter seus níveis de produtividade.

Rodríguez complementou que a Opep elevou a cota de comercialização da PDVSA para 3,0 milhões de barris por dia, embora a produção atinja atuais 3,3 milhões de barris diários.

Sobre a instalação de uma nova refinaria fora da Venezuela, Rodríguez disse que a empresa vem trabalhando com afinco no assunto. Na última sexta-feira (25), a PDVSA e a Petrobras assinaram um protocolo de intenções que prevê estudos para a construção de uma planta fabril de refino em solo brasileiro.