Powell afirma que presença de Arafat em conferência de paz pode não ser necessária

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Publicado segunda-feira, 15 de abril de 2002 as 15:20, por: CdB

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, afirmou nesta segunda-feira que o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, não teria que participar de uma conferência sobre a paz no Oriente Médio, proposta no fim da semana passada pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon. Essa conferência, segundo o secretário, poderia ser realizada em um nível ministerial e Arafat poderia enviar um representante.

Sharon reapresentou sua proposta sobre a reunião no domingo, durante seu segundo encontro com Powell em três dias. Um membro da Autoridade Palestina, Ziyad abu Zayd, acusou Sharon de cooptar uma proposta do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdullah. “Essa idéia não é de Sharon; não é uma idéia israelense”, declarou Abu Zayd, acrescentando que Arafat deveria ser o primeiro a participar da conferência.

Na reunião de cúpula da Liga Árabe em Beirute, no mês passado, o príncipe saudita apresentou um plano que garantiria a normalização das relações do mundo árabe com Israel em troca da retirada israelense para suas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967. Na ocasião, Sharon disse que queria participar da reunião para discutir a proposta, mas não foi convidado.

Secretário lança apelo ao Líbano
Ainda nesta segunda-feira, Powell visitou o Líbano, onde pediu às autoridades locais o fim imediato da violência ao longo da fronteira com Israel. A declaração foi feita após um encontro com o ministro das Relações Exteriores libanês, Mahmoud Hammoud, com quem discutiu a recente escalada de ataques de combatentes do grupo Hezbollah contra posições israelenses do outro lado da fronteira.

Durante uma entrevista coletiva conjunta, Powell disse: “É importante que os que apóiam a paz ajam imediatamente para deter os ataques através da fronteira”.

“O que estou interessado em fazer agora é acabar com a violência, encerrar esse conflito, porque o que nós precisamos fazer é reduzir a violência a fim de que possamos seguir adiante o mais rapidamente possível para encontrar uma solução política”, acrescentou. Powell seguiu para a Síria, onde manteve conversações sobre as violações na chamada Linha Azul — a fronteira entre Líbano e Israel estabelecida há dois anos pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a retirada israelense do sul do território libanês, após 22 anos de ocupação.

O ministro das Relações Exteriores libanês declarou a repórteres: “Nós confirmamos que Israel é responsável pela atual escalada porque bloqueou todos os esforços de paz e rejeitou as resoluções internacionais que exigem sua retirada de todos os territórios árabes ocupados”.

“Conseqüentemente, a resistência e a intifada (revolta palestina) se tornaram o único meio de obrigar Israel a implementar essas resoluções”, acrescentou. Nas últimas duas semanas, membros do Hezbollah vêm desferindo ataques contras postos do Exército israelense, principalmente na disputada área de Shebaa, próxima às Colinas de Golã, sob ocupação israelense. Israel, por sua vez, tem respondido com intensos bombardeios aéreos contra o que seriam esconderijos do Hezbollah, no sul do Líbano.

Powell passou o domingo em reuniões separadas com o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, e o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, sem que conseguisse desfazer o impasse.