Por que o governo investe tão pouco na cultura?

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Publicado sexta-feira, 8 de abril de 2005 as 00:43, por: CdB

A vida profissional de jornalista é muito complicada. E na maioria das vezes, triste admitir, mal remunerada. O que leva os profissionais a buscar outras alternativas de descolar um trocado. Esse que vos escreve, por exemplo, se vê fazendo uma pesquisa para um projeto que visa contar a história dos eletrodomésticos.
 
Tal atividade levou o colunista à Biblioteca Nacional, no Centro do Rio, para uma pesquisa de campo. Ao chegar à instituição, deu de cara com uma faixa que dizia coisas sobre uma greve. “Mas será possível”, veio à cabeça. Após uma volta pelo prédio, foi avistado alguns dos grevistas.
 
– Sim, estamos em greve e não temos nem previsão de quando vai acabar. Enquanto o governo não fizer alguma coisa… – disse um dos grevistas.
 
Mas o que está errado? Se perguntou o colunista naquela altura do campeonato e, provavelmente, o leitor, ao ler essas linhas.
 
 O Ministério da Cultura hoje conta com apenas 0,27% do orçamento da União. Algumas fundações – como a Casa de Rui Barbosa, Fundação Nacional de Artes, a própria Biblioteca Nacional, entre outras – possui um quadro limitado de cerca de dois mil funcionários, que ficam encarregados da manutenção das instituições. Segundo esses profissionais, que são os grevistas e parte do Sintrasef (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Estado do Rio de Janeiro), além de serem mal remunerados, são poucos para os cargos e, ainda, já têm idade elevada para estarem executando certas atividades. Um panfleto escrito por eles intitulado “CULTURA EM GREVE, Por que?” informa que a idade média desses dois mil funcionários é de 48 anos. Ainda no panfleto, eles afirmam serem “a parcela que recebe os menores salários dentre os servidores civis da União. Alguns, inclusive, precisando receber complementação para chegar aos valores do salário mínimo”.
 
Mas o que não está errado? Se perguntou o colunista naquela altura do campeonato e, provavelmente, o leitor, ao ler essas linhas.
 
É vergonhoso ver o pouco caso do governo em relação à Cultura. Os grevistas afirmam que entregaram há um ano uma “proposta emergencial” ao Ministério da Cultura. Até agora não ouviram nada, nem “outra banda de reggae”.