Polícia tenta prender prender premier do Nepal

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Publicado terça-feira, 26 de abril de 2005 as 07:30, por: CdB

 A polícia do Nepal tentou, nesta terça-feira, prender Sher Bahadur Deuba, primeiro-ministro do país até primeiro de fevereiro quando o rei Gyanendra dissolveu o governo e assumiu o poder absoluto, mas seus seguidores o impediram.

Vários furgões policiais cheios de agentes foram hoje à residência de Deuba detê-lo sob a acusação de corrupção, mas, segundo disseram  testemunhas presenciais, as ruas adjacentes estavam cheias de seus seguidores, que obrigaram a Polícia a retroceder e impediram a detenção de seu líder.

O incidente mostra a polarização que se vive no país a respeito da corrupção, que antes era uma das principais preocupações dos nepaleses e, após o golpe de estado real, se transformou em uma arma política.

– O povo apóia seus políticos mesmo que sejam corruptos, porque o governo mostrou uma enorme falta de perspicácia política na hora de acompanhar estes casos – disse Ram Sharma, analista político em Katmandu.

A “corrupção em grande escala” foi um dos principais motivos dados por Gyanendra para assumir o poder e justificar as medidas ditatoriais implantadas, por isso criou a Comissão Real Anticorrupção que, desde então, chamou para testemunhar vários membros do Gabinete de Deuba.

O ex-primeiro-ministro também foi chamado a declarar ante a Comissão, mas este se negou a fazê-lo ao considerar que este órgão é “ilegal e anticonstitucional” Na quinta-feira passada, Prakash Man Singh, ex-ministro de Planejamento e Trabalhos, foi detido em sua residência por policiais acompanhados de membros da Comissão, ante a qual também não se apresentou pelos mesmos motivos.

Os partidos democráticos do Nepal afirmam que esta instituição é uma ferramenta da coroa para desacreditar ou eliminar os que se opõem a seu golpe de estado e classificam sua atividade de “caça às bruxas”.

A Comissão Anticorrupção é formada por membros da antiga monarquia absoluta ou “Panchayat”, que finalizou em 1990 após o levante popular que instaurou a democracia multipartidária no Nepal.

Esta tem os poderes de um tribunal, admite todo tipo de denúncias, públicas ou anônimas, e, segundo uma nota difundida pela Casa Real, pode “investigar e castigar qualquer pessoa sobre a base de queixas ou informações recebidas por qualquer meio referentes a contrabando, evasão de impostos, contratos ilegais e outras atividades consideradas como corrupção”.