Polícia londrina transfere oficial muçulmano de posto

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Publicado quinta-feira, 5 de outubro de 2006 as 13:04, por: CdB

O comando da polícia londrina determinou, nesta quinta-feira, que seja revista com urgência a decisão de liberar um oficial muçulmano do trabalho de guardar a embaixada de Israel. O jornal The Sun afirmou, em sua edição desta quinta-feira, que Constable Alexander Omar Basha disse a seus superiores que tinha objeções morais à ação militar israelense contra o Hezbollah, que resultou numa guerra de 34 dias no Líbano, entre julho e agosto.

Segundo a Associação de Policiais Muçulmanos, que representou Basha nas entrevistas à imprensa, ele foi transferido do posto na semana passada porque se sentia “incomodado e inseguro” com o trabalho de proteger a embaixada de Israel, no oeste de Londres.

– Trata-se do bem-estar de um indivíduo, e não de uma questão moral. A mulher dele é libanesa e o pai dele é da Síria – disse à agência inglesa de notícias BBC o superintendente da associação, Dal Babu.

O governo do premiê Tony Blair vem tentando promover a integração entre as comunidades étnicas e religiosas da Grã-Bretanha, depois dos ataques suicidas executados por quatro britânicos muçulmanos contra o sistema de transporte londrino, em julho de 2005, em que 52 pessoas morreram.

– Quando soube da questão pedi uma revisão urgente da situação e um levantamento completo das circunstâncias – disse o comissário da Polícia Metropolitana, Ian Blair.

A embaixada israelense disse numa declaração que tem “plena confiança na capacidade da Polícia Metropolitana de proporcionar a máxima segurança à embaixada, assim como em sua capacidade de lidar com esse tipo grave de problema”. A decisão recebeu críticas pela preocupação de que abra um precedente para que oficiais de qualquer religião ou crença recusem-se a realizar determinadas missões.

Para Brian Mackenzie, ex-presidente da Associação de Superintendentes da Inglaterra e do País de Gales, “se um oficial tem um conflito, a resposta óbvia é que ele deve deixar o departamento de proteção diplomática, ou mesmo deixar o serviço policial”. A polícia disse numa outra nota que às vezes os oficiais pedem para ser transferidos de uma missão específica. “Cada caso é analisado isoladamente, equilibrando-se as necessidades do Serviço da Polícia Metropolitana e as do indivíduo.”

– As necessidades da polícia, porém, têm preferência, e a organização se reserva o direito de posicionar o oficial em qualquer lugar – afirmou.