Polícia filmou pagamento de resgate de Ivandel

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Publicado quinta-feira, 6 de janeiro de 2005 as 22:16, por: CdB

Uma equipe de policiais da Divisão Anti-Seqüestro (DAS) filmou o pagamento do resgate de Ivandel Machado Godinho Júnior, 55 anos, na noite de 10 de janeiro de 2004, na zona sul de São Paulo. Mas, segundo depoimentos dos autores confessos do crime, o jornalista e empresário, desaparecido em 22 de outubro de 2003, já estava morto havia 78 dias.

Segundo a polícia, os US$ 40 mil do resgate de Ivandel foram pagos em uma rua na Cidade Ademar, aréa do 43º Distrito. Toda a ação foi filmada. Um investigador contou que o dinheiro foi entregue para um motoqueiro por uma pessoa indicada pela família do jornalista. O portador dos US$ 40 mil seguiu à risca as orientações dos seqüestradores. O mesmo investigador afirmou que a equipe da DAS não conseguiu monitorar o motoqueiro.

Policiais da 6ª Delegacia Seccional (Santo Amaro) continuam à procura de Sidney Correia, 21 anos, apontado como um dos mentores do seqüestro de Ivandel. Correia foi preso por porte de arma em 28 de outubro de 2003, seis dias após o seqüestro de Ivandel, mas não ficou muito tempo atrás das grades. Levado por PMs ao 47º Distrito (Capão redondo), ele pagou fiança e acabou libertado oito horas depois. A pistola 380 que portava foi apreendida.

A foto de Correia foi divulgada hoje na 6ª Delegacia Seccional. Os depoimentos de Fabiano Pavan do Prado, 30 anos, Wilson de Moraes Silva, 19 anos, e do adolescente G., 17 anos, também foram divulgados à imprensa. Os três foram presos terça-feira pelos investigadores Miltinho, Gilba e Orlandinho, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 6ª Seccional , e confessaram a participação no seqüestro de Ivandel.

O depoimento de Wilson reforça a convicção de policiais da 6ª Seccional de que a ossada encontrada em um campinho de futebol da rua Jacques Lemercier, Jardim Antonieta, zona sul da capital. Wilson disse que, no cativeiro, Ivandel conversou com ele e, de repente, começou a chamar por um familiar, usando um apelido carinhoso. Os seqüestradores usaram esse apelido num dos contatos com a família da vítima e a informação serviu como prova de vida do jornalista.

Peritos do Instituto-Médico Legal (IML) constataram, hoje, que a ossada encontrada no campinho de futebol é humana. Mas só o exame de DNA vai comprovar se os fragmentos de ossos apreendidos pela Polícia Científica são ou não do jornalista. O resultado deve sair no máximo em 30 dias.

O delegado-titular da SIG da 6ª Seccional, Miguel Ferreira da Silva, explicou hoje que, além de Correia, a polícia também procura outros dois homens envolvidos no seqüestro de Ivandel. Um deles é conhecido como Neneco e outro, apenas como Juninho.

Neneco é citado nos depoimentos de Fabiano, Wilson e do adolescente G.. Neneco é acusado de ter participado da ocultação do cadáver no campinho de futebol, ao lado da creche Tancredo de Almeida Neves. O local onde o corpo foi enterrado foi indicado por Fabiano e seus parceiros presos. Ele e Wilson tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça.

Correia, também teve a prisão temporária de 30 dias decretada, apesar de estar foragido. No dia em que Correia foi preso no 47ª DP, a mãe dele acompanhou seu depoimento e pagou a fiança.