Polícia Federal apresenta nova fase de Operação Lava Jato em cinco Estados e DF

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado sexta-feira, 14 de novembro de 2014 as 09:49, por: CdB
A Operação Lava Jato foi deflagrada em março, com o objetivo de desarticular organizações criminosas
A Operação Lava Jato foi deflagrada em março, com o objetivo de desarticular organizações criminosas

A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e  mais 17 pessoas, de forma temporária e preventiva. Todas fazem parte da sétima fase da Operação Lava Jato. Os mandatos foram cumpridos nos estados do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, Pernambuco e no Distrito Federal. Ao todo, mais de 300 policiais federais e 50 servidores da Receita Federal participaram da operação.

O ex-diretor, Renato Duque aparece nos depoimentos feitos pelo também ex-diretor Paulo Roberto Costa e outros dois executivos como beneficiário do esquema de propina que ocorria na empresa. Ele esteve à frente a diretoria de Serviços entre 2003 e 2012 e é acusado de ter repassado percentuais dos contratos assinados pela estatal para o partido. Segundo Paulo Roberto Costa, 3% do valor de cada contrato ficava com o partido. De acordo com documento da própria Petrobras, a diretoria de Renato Duque foi responsável pelas 12 licitações da obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Os agentes cumprem ao todo 85 mandos de prisão em cinco estados, além do Distrito Federal. Nesta fase da ação, 11 grandes empresas são alvo da PF, que já esteve na construtora Camargo Corrêa, acusada de pagar suborno a ex-diretores da Petrobras para fechar contratos com a companhia, e atua agora na Odebrecht, onde cumpre mandados de busca e apreensão.

São alvo desta fase da operação as companhias Camargo e Corrêa, OAS, Odebrechet, UTC, Queiroz Galvão, Engevix, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Iesa Óleo e Gás. Já foram presos nomes da cúpula de algumas construtoras, como o presidente da Engevix, Cristiano Kok, e outros dois executivos da empresa – um deles está no exterior. Também foi preso um diretor da Iesa Óleo e Gás e estão sendo realizadas buscas na casa do presidente da empresa, assim como na casa do presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessoa.

A PF também tenta prender o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, suspeito de ser operador do PMDB no esquema da Petrobras. Ele ainda não foi encontrado. Todos os presos serão levados ainda nesta sexta-feira para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, capital do Paraná.

Os investigados que não foram localizados até o momento tiveram os nomes inscritos no sistema de procurados e impedidos da PF e estão proibidos de deixar o país.

De acordo com a PF, alguns executivos das sete maiores empreiteiras do país, mantinha, nas últimas semana, atitudes suspeitas, prevendo que poderiam ser alvo de uma operação policial. Segundo o delegado da PF, Igor Romário de Paula, responsável pela operação, essa pessoas pernoitavam fora de casa e viajam com frequência. Ele negou que tenha havido vazamento de informações. “Alguns vinham saindo do país com frequência ou dormiam em hotéis, apartamentos nitidamente com caráter de não permanecer [nas residências fixas]. Isso se comprovou hoje com alguns sendo encontrados em outras cidades.”

As empreiteiras possuem contratos de mais de R$ 59 bilhões com a Petrobras e foram alvo da operação deflagrada nesta sexta-feira. “São aquelas em que o material apreendido e as quebras de sigilo dão material robusto para mostrar o envolvimento delas na formação de cartel, desvio de recursos para corrupção de agentes públicos”, disse o delegado.

Ainda de acordo com a PF, os executivos das empreiteiras presos hoje participaram diretamente da celebração de contratos com a Petrobras. Outros alvos da operação tiveram participação secundária ou atuaram no transporte de recursos obtidos de forma ilícita para doleiros, que posteriormente faziam a lavagem.

Os grupos investigados registraram, segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), operações financeiras atípicas no montante que supera os R$ 10 bilhões. Os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.