Polícia e Maré se comunicam via Internet

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Publicado terça-feira, 27 de julho de 2004 as 09:43, por: CdB

A dona-de-casa Josefa Justino da Silva, de 55 anos, nunca tinha tocado num computador quando ofereceram a ela a chance de participar de um curso gratuito de informática. Sua filha Renata, de 26 anos, já havia estudado informática, mas, por não ter um micro em casa nem no trabalho, esqueceu boa parte do que aprendera. Agora, mãe e filha fazem parte da mesma turma do projeto Maré Digital, laboratório de informática montado no 22º Batalhão da PM, no Complexo da Maré, com o objetivo de aproximar a comunidade da polícia.

O projeto Maré Digital é uma parceria entre a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), o 22º BPM e o Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio de Janeiro (Proderj), gestor de tecnologia do estado. A Faetec e o Proderj são órgãos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação.

A primeira turma do Maré Digital tem nove alunos, todos moradores da comunidade de Nova Holanda. Desde o dia 19, quando tiveram sua primeira aula, eles começaram a receber noções básicas de informática e a aprender a navegar na Internet, além de acessar os serviços prestados pelo governo do estado no Portal do Cidadão (http://www.portaldocidadão.rj.gov.br).

Ao todo, os alunos terão dez horas de aula, ministradas por oficiais do próprio batalhão que foram treinados para participar do projeto. A primeira turma do Maré Digital está sob os cuidados do sargento Azevedo.

– Queremos quebrar as resistências da comunidade em relação à polícia. Hoje, me sinto mais um prestador de serviço comunitário do que policial – diz.

A expectativa é de que os primeiros alunos façam a propaganda boca-a-boca e atraiam outras pessoas da comunidade para o laboratório, que, no período da tarde, permanece aberto para os moradores da região. O curso já tem duas turmas agendadas.

Dona Josefa ainda não sabe muito bem para que servirá o computador no seu dia-a-dia, mas mostra a empolgação de uma criança ao digitar suas primeiras letras num teclado. Para ela o mais difícil não está na máquina, mas na dificuldade em enxergar, provocada por um descolamento de retina. Mesmo assim, ela não desiste.

– Estou descobrindo tudo agora. É muito legal – diz.

Renata, que trabalha como auxiliar de produção e aproveita as férias para participar do projeto, mostra maior intimidade com o micro e já usa o editor de textos com certa desenvoltura.

– Quero melhorar meu currículo e tentar um emprego melhor – explica.

O Maré Digital faz parte do Infovia.RJ, projeto que pretende reformular a infra-estrutura de transmissão de dados em todos os municípios do estado, além de oferecer acesso à Internet em banda larga a comunidades carentes. A previsão é de criar mais 30 laboratórios de informática ainda este ano, onde serão dados gratuitamente cursos de inclusão digital do projeto Internet Comunitária. O programa de inclusão digital do governo do estado conta com apoio da ONG canadense Instituto para a Conectividade nas Américas (ICA).