A polícia do Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira que 29 pessoas foram assassinadas na Baixada Fluminense, na maior chacina da história do Rio. Até agora, o número que vinha sendo informado pela polícia era de 30 mortos.
“Fizemos uma análise de todas as vítimas e acreditamos hoje que duas mortes que ocorreram no bairro de Corumbá, em Nova Iguaçu, no dia da chacina, não têm relação com o massacre. Ao mesmo tempo, uma vítima que foi ferida e estava internada no hospital, faleceu”, afirmou o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins.
– Nosso número total de vítimas é de 29 mortos e um ferido – acrescentou
Laudos da polícia técnica mostram que uma das vítimas levou 13 tiros.
– Em média, as pessoas levaram dois tiros, sendo que uma levou 13. Isso representa um ódio, uma vontade de matar e a destreza dos atiradores. Os tiros foram efetuados em regiões vitais do corpo – informou Lins.
Segundo ele, 12 suspeitos estão detidos, sendo que dois cumprem prisão administrativa no quartel e ainda não há prova contra eles.
– Nós acreditamos já ter desenhado o que aconteceu e quem participou da chacina – acrescentou Lins.
Ele afirmou ainda que está investigando denúncia feita por uma testemunha de que seis criminosos teriam participado do massacre. Ao todo, a polícia já ouviu 25 pessoas desde o crime, no dia 31 de março.
Lins descartou a participação de comandantes e PMs de alta patente na chacina.
– Não há informação de que a ação teve incentivo ou coordenação de alguém de patente superior – disse.
A maioria dos presos é soldado ou cabo da PM.
Ele revelou nesta segunda-feira uma segunda linha de investigação da polícia sobre as causas da chacina. Lins acredita que as mortes podem estar relacionadas a uma disputa entre grupos de extermínio que atuam na Baixada Fluminense.
– É difícil dizer com firmeza qual foi a motivação. Uma das linhas é a insatisfação dos PMs com a disciplina imposta na Baixada e a outra é a disputa pelo poder desses grupos. Esse que praticou a chacina queria se impor e se tornar absoluto na região – completou Lins.
A Polícia Federal já indiciou oito policiais militares suspeitos de participação na chacina.
A PF e a Polícia Civil abriram inquéritos paralelos para investigar o massacre. A abertura de um inquérito pela Polícia Federal foi uma determinação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, seguindo orientação do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
A Polícia Federal já sabe que os PMs se encontraram em um bar da Baixada Fluminense antes de promoverem o massacre.
– Os criminosos se reuniram em um local público, teriam bebido bastante e decidido o massacre, partindo logo em seguida para promover a chacina – disse um delegado da PF, que está acompanhando as investigações.
A polícia começou a ouvir os donos e os frequentadores do bar em Nova Iguaçu, onde os PMs teriam planejado a chacina.
Álvaro Lins, acredita que os disparos foram efetuados por quatro policiais e os demais deram apoio à ação.
– Dos 12 PMs investigados, achamos que quatro foram os autores dos disparos e os outros deram cobertura e recolheram as cápsulas – afirmou Lins.
A Polícia Federal está apurando a ligação entre os PMs indiciados com a máfia de caça-níqueis que atua na Baixada Fluminense. Eles teriam rádios de comunicação registrados no nome de uma empresa que atua nesse ramo.
No domingo, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou que o governo está montando um plano de ação federal na região. Esse programa contaria com as participações dos ministérios da Saúde, da Cidade e da Justiça e buscaria melhorar as condições de vida dos moradores.
– Queremos trabalhar juntos para ajudar a Baixada a resolver seus problemas – afirmou Dirceu à Agência Brasil.
Polícia do Rio retifica número de mortos em chacina para 29
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Publicado segunda-feira, 11 de abril de 2005 as 16:49, por: CdB