Polícia da Índia investiga ataques em Mumbai

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Publicado quarta-feira, 12 de julho de 2006 as 11:14, por: CdB

A Polícia indiana investiga, nesta quarta-feira, a autoria da série de explosões em sete trens de Mumbai que mataram pelo menos 183 pessoas e feriram 714 na terça-feira, enquanto as suspeitas recaem sobre um grupo terrorista islâmico que opera na Caxemira paquistanesa.

Anteriormente, a Polícia de Mumbai, no oeste da Índia, tinha calculado o número de mortos em 190 e o de feridos, em 625. Os novos números foram confirmados pelo secretário de Interior da Índia, VK Duggal, que disse que, do total de mortos, 72 ainda não foram identificados.

O Governo indiano garantiu, nesta quarta, ter pistas sobre a autoria dos atentados na capital econômica da Índia, os mais graves ocorridos no país em uma década. Por enquanto, os ataques não foram ligados a nenhum grupo concreto e nenhum suspeito foi preso.

Embora nenhuma organização tenha assumido a autoria do massacre, fontes policiais e da inteligência indianas suspeitam do Lashkar-e-Toiba (LeT), o grupo terrorista mais violento do país, que costuma realizar ataques sincronizados e que já agiu em Mumbai em 2002 e 2003.

Nos ataques, sete bombas explodiram quase simultaneamente em vagões de primeira classe de trens suburbanos lotados de trabalhadores que voltavam a suas casas, na hora do rush, após o trabalho.

Não há notícias sobre cidadãos estrangeiros entre as vítimas e não se esperam surpresas neste sentido, já que as bombas explodiram em trens que, em geral, não são freqüentados por turistas, disseram fontes diplomáticas em Nova Délhi.

Os atentados nos trens de Mumbai provocaram uma reação de solidariedade por parte de todos os governos do mundo. Locais estratégicos como aeroportos, estações ferroviárias e metrôs tiveram a segurança reforçada.

A Polícia acredita que as sete bombas foram fabricadas com o material RDX, o mais usado pelo LeT. Elas teriam sido ativadas por temporizadores preparados para explodir por volta das 18h15 (9h45 de Brasília).

– Os autores queriam criar uma atmosfera de terror e sabiam que, se fizessem explosões simultâneas em várias partes da cidade, alcançariam seu objetivo – disseram, netsa quarta,  fontes policiais. Suspeita-se que os artefatos tenham sido colocados na estação Churchgate, de onde partiram os sete trens atacados.

Os atentados foram realizados com grande precisão e lembram os ataques de 11 de março de 2004 em Madri e os de 7 de julho de 2005 em Londres. A imprensa indiana, entretanto, quase não deu destaque a esse detalhe. As suspeitas se concentram sobre a hipótese de envolvimento paquistanês.

O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, foi um dos primeiros a condenar “com firmeza” o atentado, qualificado por ele e pelo Governo indiano como “ato terrorista”.

Em Washington, o ministro de Exteriores paquistanês, Khurshid Kasuri, que está em visita oficial, garantiu hoje que a melhor maneira de enfrentar o extremismo islâmico e hindu é solucionar o conflito da Caxemira, algo que até agora não foi possível.

O Executivo paquistanês proibiu em 2002 o grupo Lashkar-e-Toiba, que tem sua base na Caxemira. O LeT considera a Índia, Israel e os EUA os maiores inimigos do Paquistão.

O grupo, cujo nome significa “exército da pureza”, não se responsabilizou pelos ataques, embora fontes policiais tenham minimizado a declaração, já que esta é sua tática habitual.

A Índia continua hoje em alerta e as autoridades decidiram reforçar a segurança em todos os aeroportos do país. A normalidade voltou paulatinamente à cidade de Mumbai.

Um dia depois do ataque, a maior parte do serviço ferroviário foi restabelecido, as escolas foram abertas e os escritórios já funcionam normalmente, mostra do que as autoridades do estado de Maharashtra chamam de “o espírito de Mumbai”.

A Índia, com 1,1 bilhão de habitantes, foi marcada pela violência desde seu nascimento, em 1947, após o doloroso processo de partição do Paquistão. O país viveu sangrent